terça-feira, 14 de outubro de 2008

O Cabelo ruim

O Cabelo ruim
Eduardo Galeano

A revista norte americana Ebony, de luxuosa impressão e ampla circulação, propõe-se a celebrar os triunfos da raça negra nos negócios, na política, na carreira militar, nos espetáculos, na moda e nos esportes. Segundo palavras de seu fundador, Ebony “quer promover os símbolos do sucesso na comunidade negra dos Estados Unidos, com o lema: Eu também posso vencer”.

A revista publica poucas fotografias de homens. Em troca, há inúmeras fotos de mulheres: lendo a edição de abril deste ano, contei 182. Dessas 182 mulheres negras, apenas doze tinham o pixaim africano, e 170 exibiam cabelo liso. A derrota do cabelo crespo – “o cabelo ruim”, como tantas vezes ouvi dizer – era obra do cabeleireiro ou milagre das poções.

Os produtos alisadores ocupavam a maior parte do espaço publicitário dessa edição. Havia anúncios de pagina inteira de cremes e líquidos oferecidos por Optimum Care, Soft and Beautiful, Dark and Lovely, Alternatives, Frizz Free, TCB Health-Sense, New Age Beauty, Isoplus, CPR Motions e Raveen. Imprecionou-me ver que um dos remédios contra o cabelo africano se chama, precisamente, African Pride (Orgulho africano) e, segundo promete, “estica e suaviza como nenhum”.

2 comentários:

Macabea disse...

Querido Miguel acompanho a revista Ebony desde os primórdios de sua publicação. Era jovenzinha, economizava uns caraminguas pra camprá-la. Ua revista só de negros, uau!!! era o máximo. O cabelo não me importava, como não me importo até hj, esticado ou ao natural é uma opção, uma questão de vaidade pra mim...já superamos essa questão.!

Macabea disse...

Caro Miguel, acompanhei por um bom tempo várias publicações da Ebony desde seus priomórdios. Economizava uns caraminguás e comprava na banca do centro de Sampa. Uau!!! uma revista totalmente de negros...era o máximo. Artistas que eu curtia e tudo o mais. Hoje os tempos são outros e cabelo crespo ou alisado não é uma problema pra mim e nunca foi. Sempre usei os meus, de acordo com minha vontade e personalidade. Nos tempos dos Jackson Five, usei uma peruca black porque meus cabelos,por causa dos meus avós italianos, não eram totalmente crespos.Ele não é um estandarte e nem um baluarte, alisado ou crespo, eu acredito que pras mulheres negras, hoje em dia é só uma
questão de vaidade...e pra mim meu livre arbítrio.