quarta-feira, 30 de julho de 2008

C. G. S. – conselhos e exortações...

C. G. S. – Conselhos e exortações que considero de uma profetiza... de quem caminha junto ao Senhor na viração do dia... Miguel Garcia

"Leia a bíblia a teu favor e nunca contra ti.

Que Deus não se opõe a ti, ao contrário, Ele quer te ver um ser humano superado, pálio p/Ele... só que moldar o nosso caráter ao dEle é difícil e quando nos sentimos ameaçados...tendemos a odiá-lo. Na verdade ameaça não é o termo adequado e sim, desafiados. Ele é o princípio e o fim; O ser humano só pode consolidar o literal...ser-humano, quando ele compara-se a Deus, percebe tão logo, que não pode acrescentar um dia se quer à sua vida , portanto não tem controle sobre ela...e enfim...com humildade (que é o que se pode ter de mais precioso...) sujeita-se ao Seu Senhorio e assim se ganha um total aliado para a luta...que é viver...

Até entender-mos isso... é natural que queiramos ser anjos...ou qualquer outra coisa mais fácil - que seja mais cômodo...que exija menos de nós... mas felizmente, nos foi dado o privilégio de sermos humanos com todas as necessidades possíveis e necessárias, conscientes e inconscientes e o melhor: dependentes de um ser é totalmente capaz de... desde que confiemos e mergulhemos o nosso ser ao Ser dEle.

Espero que você entenda. Esvazie-se um pouquinho só de tudo que há dentro de ti e tente transfundir um pouco do sangue dEsse Deus pro teu coração, sangue esse, que já existe em teu DNA; basta que reconheça a condição de filho e aceite-o e viva como Ele sendo seu pai...que prover...independente de você se "auto-sustentar" ou não...
...quanto às minhas crises...conflitos...etc...??? Sabe uma semente vingando, numa terra árida...seca...rasgando o solo pra nascer...pois é, eu, cada dia me debato...me esforço...rasgo o solo...me espalho...porém estou crescendo...linda...viçosa...vou estar pronta pra dar sombra, flor, fruto, e só assim, alimentar a qualquer um que se aproxime de mim...sabe porque farei isso?...Porque recebo isso... de Deus.

...Não... não é utópico...eu garanto...e sei que só te falta isso e mais nada... o que você tenta ocultar é o que te revela...
Para de esconder-se atrás de si mesmo...você já está tonto de rodear em torno de si....para de se esforçar pra provar ..o que...não sei pra quem.. você é uma criatura EXCELENTE... Eu garanto que Deus não te fez para qualquer fim, e sim para um fim incomparável, inimaginável, imensurável... tão logo saberá.... aguarde... sua vida será abalada... vai me contar..

...só assim...vc vai testemunhar na prática que Deus , teu criador... nunca foi... nem nunca será teu inimigo...isso é uma aberração...satanás, o teu eu... esses sim são teus inimigos."

Te sou grato! De coração!.. Sem palavras...

terça-feira, 29 de julho de 2008

Falso de Mi-Goethe!

Apascentado ovelha ou entretendo bode?
Miguel Garciabaseado no sermão de Charles Spurgeon com o mesmo título

Se Goethe fosse um poeta miserável ele não produziria o Fausto, produziria apenas um fato, um falso ou Falsete, tal qual a penúria que vos apresento aqui:

Está o profeta no palco do sistema clerical junto a um diabo de aspecto cômico e muito satisfeito pelos resultados obtidos com a igreja evangélica, junto a um apóstolo e sua companheira de cela, junto a um bispo âncora de programas televisivos da igreja-U-coisa-e-tal.., ao missionário R.R. So-Ades, uma banda de louvor profético, uma de rock Ofi-cínico G3 ou G12, alguns bons representantes das Assembléias do deus unilateral-rigorista, e, como não podia faltar, congressistas, palestrantes, teólogos, professores e escritores “cristãos” - nacionais e importados, todos atentos à postura, ousadia e mensagem do profeta, reagindo positiva ou negativamente às exortações atiradas por ele e ao mesmo tempo caindo na folia embalados por melodia e rítmica característica da canção portuguesa “É uma casa portuguesa com certeza” do gajo cantor Roberto Leal. Mas não confunda! "Isso aqui ô ô, é um pouquinho de Brasil iá-iá!":

Eis que acontece um mal
No meio do arraial
Professo do Sinhô
É tão despudorado
Que até o alienado
Saudou quando ele entrou

Algo assim tão engenhoso
Raramente foi tramado
Por parte do Tinhoso:
Insinua à igreja
Que é parte da missão,
Promover divertimento
Brincadeira e distração.

Apascentando ovelha,
Ou entretendo bode?
Apascentando ovelha,
Ou entretendo bode?
Apascentando ovelha
Com funk ou com pagode,
Ou entretendo bode?

Não posso me calar
Não posso suportar
Leviandade assim
Igreja de hoje em dia
Tolera e pratica
De tudo que é ruim

Meu primeiro argumento
É que prover divertimento
Não é nossa obrigação:
Devo ir por todo mundo
E pregar o evangelho,
Não fingir que Deus é surdo
Mudo, bobo, cego e velho!

Apascentando ovelha,
Ou entretendo bode?
Apascentando ovelha
Ou entretendo bode?
Apascentando ovelha
Com cupido também pode,
Ou entretendo bode?

A Bíblia diz que dons
São dotes do Senhor
Na lista da Escritura
Não se vê animador
Profeta que enriquece
Que gosta de agradar
Mirando o lucro esquece
Que o Senhor virá julgar

Apascentando ovelha,
Ou entretendo bode?
Apascentando ovelha,
Ou entretendo bode?
Apascentando ovelha
Com discurso também pode!
Ou entretendo bode?

Eu volto a insistir
Que a meta da igreja
Não é adulação
Igreja verdadeira
Não senta sobre um muro
Mas toma posição

“Vós sois o sal da terra”!
Vós sois a esperança
De tantas gerações
Não disse bestas-feras
Não disse ser criança
Não disse aberrações

É erro achar que Cristo
Aprova o picadeiro
Ao fundo do salão
Quem gosta é o anti-Cristo
Aplaude o tempo inteiro
Ri até rolar no chão

O Senhor é compassivo
Lamentou por pecadores
Deu a vida pra salvar
Porém não será passivo
Vendo os feitos da igreja
Seu projeto deturpar

Apascentando ovelha,
Ou entretendo bode?
Apascentando ovelha,
Ou entretendo bode?
Apascentando ovelha
Com congresso também pode!
Ou entretendo bode?

Apascentando ovelha
Com catarse também pode,
Ou entretendo bode?

Apascentando ovelha
Com Malufes também pode,
Ou entretendo bode?

Apascentando ovelha
Com menudos também pode,
Com barganha também pode,
Com “prodígios” também pode,
Ou entretendo bode?

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Va-cu-m
Miguel Garcia

Êta mundo vão,
va-cu-idade!
Cu-idoso!
Cu-i-dado!
Cu-tu-cão do mundo é dor, desvirgindade!

Amei! Amém!

Amei! Amém!
Miguel Garcia

Notas explic-ativas são próprias do homem..
Análises varonis,
Esclarecimentos v-iris!...
Amo, mas por qual razão?..
Amei! Amém.
Que assim seja...
Amei teu poema na ausência de opções..
Somática do belo e-feito descaindo...
Amei esse algo que semeia o sublime...
Amei enfim:
Amém!
Be-atitude dessa amizade...



quinta-feira, 24 de julho de 2008

Visite o Blog do Paulo Cruz - www.paulopoeta.blogspot.com/

Mãos vazias - consagrado ao amigo poeta Paulo Cruz, por ocasião de seu aniversário!
Miguel Garcia

Reparei que mais se diz emudecendo.
Que a ausência de ruído fomenta a audição.
Reparei que a distância aproxima,
Que a solidão acompanha,
Que a omissão favorece,
que um segredo revela,
que o taciturno é transparente.

Reparei que o saber arrefece.
As certezas limitam,
Que a cegueira ilumina,
possuir extravia...
Reparei no absurdo do amor
No terror do silêncio
Na feiúra humanal,
esse medo de avizinhar-se...
Na fria reserva de abastados imprudentes,
condescendência fingida...
No abandono de um pacto...
Reparei nas vilezas...
Minha existência negada...
Reparei nos discursos,
aulas brilhantes,
crônicas poemáticas,
da lua e sol se servindo,
aos centos espalhando estrelas,
fogo e água, rochedos, bosques,
pássaros abundantes,
do bastidor no acanhado espaço,
a criação inteira se descobre...
Um misantropo não se mani-festa.
Por defeito orgânico ou acidente de pecado, é mudo, inibido.
Apesar dos disfarces na linguagem,
não produz som algum que acalente a alma suplicante com ondas curativas...
Reparei que lançar-se por sobre um desejo e apalpar
é tarefa de mímico - persistir de mãos vazias.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

"O QUE DEUS UNIU"

"O QUE DEUS UNIU"Gustave ThibonO casamento é, por excelência, a vocação que permite pôr Deus no que a vida tem aparentemente de mais comum e de mais banal.

Ia-me esquecer de uma observação importante. O casamento deve ser um sacrifício, é certo. Mas um sacrifício recíproco. Haverá algo de mais vão, de mais prejudicial mesmo, do que uma imolação em sentido único? Dois egoísmos juntos travam-se mutuamente e, de certo modo, neutralizam-se. Que caldo de cultura não seria para as tendências egoístas de uma criatura o sentir em torno de se uma atmosfera de dedicação infatigável! Todos conhecemos lares em que o espírito de sacrifício de um dos esposos faz do outro um monstro de exigência e de egoísmo. Cada esposo deve tirar do espetáculo de generosidade do seu cônjuge, não um pretexto para fazer as suas vontades, mas um motivo para se imolar mais a si mesmo.

AMOR E ORAÇÃO

Sacrificar-se a uma criatura, amá-la apesar do seu nada, por causa do seu nada, amá-la com um amor mais forte e mais puro que o desejo de felicidade, tudo isto só é possível se o amor humano se conjuga e se amalgama com o amor eterno.

Não convém divinizar o ser amado. Esta idolatria conduz, a breve prazo, à indiferença ou à repulsa. O autêntico amor nupcial acolhe o ser amado não como um Deus, mas como um dom de Deus em que todo o divino está escondido. Não o confunde nunca com Deus e não o separa nunca de Deus.

«Ela olhava para o alto e eu olhava nela», escreve Dante falando de Beatriz. Nisso reside o supremo segredo do amor humano; beber a pureza divina nos olhares, na alma, no dom de uma criatura.

«Sentir como o ser sagrado freme no ser querido», assim definia magnificamente Vitor Hugo, o grande amor. Num tal grau de amor, o ser amado é verdadeiramente insubstituível: dado por Deus, ele é único como Deus; um mistério inesgotável habita nele. Os verdadeiros esposos conservam eternamente almas de noivos; a posse aprofunda para eles a virgindade. Quanto mais são um para o outro, mais fome têm de ser um para o outro. É uma maneira sagrada de possuir as coisas que, em vez de matar o desejo, como na satisfação da carne, o exalta e transfigura. Aquele que beber desta água terá ainda sede... Como poderia estiolar-se o amor dos esposos, se eles foram criados e unidos para dar Deus um ao outro? A vida dos dois desenvolve-se e torna-se infinita numa oração única.
(Gustave Thibon, O Que Deus Uniu, Editorial Aster Ltda., Lisboa 1956)
Gustave Thibon, foi autodidata genail, nasceu em 2 de set de 1903 em Saint-Marcel-d'Ardèche
a(França), onde foi sempre lavrador. Não foi um homem de diplomas e títulos. Estudou por si só o grego e o latim, os "Diálogos" de Platão e a filosofia de Aristóteles, a "Suma Teológica" de Santo Tomás. Deu-nos páginas luminosas de "Diagnósticos de Fisiologia Social", "O que Deus uniu", "A Escada de Jacob" e outros volumes de aforismos penetrantes, que são como flechas agudas atiradas para todos os lados. Poucos como ele compreenderam profudamente o homem e a mulher, o amor humano e o casamento. Thibon é o testemunho que se oculta para deixar brilhar a verdade em todo o seu esplendor. Ele mesmo disse: "Eu não aspiro a iluminar os homens com a minha lanterna: minha única ambição é ajudá-lo a melhor contemplar o sol".

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Lavras-sem-pá-Lavras!

Lavras-sem-pá-Lavras!
Miguel Garcia

Depois do e-vento realizado pela associação das igrejas evangélicas de Lavras e pelo CONPEL (“Conselho” de Pastores Evangélicos de Lavras), e-vento esse!, que “presenteou” a afortu-nada cidade mineira com um show do grupo FAT FAMILY, e que segundo seus organizadores, constituiu esforço conjunto para proporcionar cultura, entretenimento – música, dança e testemunhos sobre a a-bunda-ncia, gozo e paz/paz que acenam sorridentes num convite à fazer parte da dócil turba matizada ev-angelical, vêmo-nos agora em plena Cruzada Evangelistica, originariamente batizada de Lavras pra Jesus!

A imprescindível Expedição para libertar Lavras de seus "infiéis" (Cruzada Evangelística), que desde o seu início pode contar com a “responsabilidade”, “inteligência”, “bom senso” e “bom gosto” de seus tradicionais organizadores e associados, agora se vê patrocinada por nada mais nada menos que alguns dos maiores empresários da região. Segundo esses últimos - que em geral são os primeiros, tais shows tem por objetivo oferecer à população da cidade, uma opção a mais de lazer no seu final de semana:


"Queremos levar cultura e cidadania às pessoas e divulgar o trabalho de um dos artistas mais favoritos do Brasil" Palavra do patrocina-dor

O comentário acima diz respeito a Chris Duran - "artísta" contratado pela já citada associação das igrejas evangélicas, CONPEL e empresários filântropos abnegados, para realizar shows do dia 17, ao dia 19/02/2008, no ginásio da Secretaria de Esportes e Lazer (SEL). “Eis que tudo parecia bom” - ingressos permutados por alimentos não perecíveis (marketing de uma consciência religiosa agonizante), gente "bem vestida", e é claro: a aglomeração de mulheres insandecidas bradando os atributos de um deus: “lindo, lindo, que maravilha! Aleluia!..” enquanto no palco, um legítimo artista em ação: "canta", "dança", ventila “palavras da alma” - “gestos de louvor”, testemunhos de como a vida pregressa de um homem pode sofrer metamorfose "radical", acontecimento que o transmutará num porta voz da mensagem salvadora.

Durante as falas de Chris Duran percebe-se um elevado teor auto-biografico, enquanto sua equipe técnica exibe vídeos para ins-pirar os espíritos embotados e atestar que tudo o que o jovem e belo rapaz diz a respeito de si mesmo é verdade.

Li ainda no Site do jornal O LAVRENSE que:

“Durante suas apresentações, Chris Duram fala sobre sua trajetória artístico-profissional marcada por histórias comuns, cotidianas e conhecidas de nosso-dia-dia.“

Quando da vinda do Fat Grupo referênci-ALL, li algo nos jornais que “com certeza” deve favorecer e muito a comunicação da mensagem da cruz e a compreenção por parte de quem a recebe:

“A expectativa dos fãs é de que o grupo cante antigos sucessos e também músicas como (Perhaps Love) e (Poor Pilgrim Of Sorrow), que foram gravadas no último CD do FAT FAMILY.”

É o Vale-Tudo! Pra encher templos e bolsos!

Meu medo é que, ao que tudo indica, a mineiridade vê-se fascinada por rimas!

Chris Duram
parece ri-mar
com Billy Graham,
que segundo o que ouvi dizer está perto de aportar em Terras Tupiniquins, acompanhado pelo filho Franklin Graham.

A vinda do Filho e do Homem será em novembro, o dia, hora e lugar todo mundo já sabe: Na tela da TV Brasileira, em rede de alcance nacional e em horário nobre, durante duas noites seguidas.
Depois dessa, sem mais pá-Lavras! Daqui pra frente é lavrar na unha mesmo, que é assim que a gente gosta!:
Icabode!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Mineiridade

Mineiridade
Miguel Garcia

Em linhas Gerais, compreendi ser Minas muito má para os mineiros.
Conservação do “patrimônio histórico” constitue prioridade por aqui, em detrimento total das gentes devastadas, poluídas, abusadas - vidas Minas.

Conforme ouvi na propaganda:
"Minas começa com igreja!" Penso ser isso verdade. Começa com igreja, centra-se na ganância e desigualdade, termina demonete e desumana. Uma briga a cada ida ao "pronto atendimento", falta de tudo: médicos, remédios, compaixão, vergonha... Saúde pública sucateada - desamparo total do contribuinte, monopólios onipotentes reinando, Lavras quintal dos poderosos - garimpeiros de almas, desalmados - Lavras senzala dos oprimidos - Minas que em termos Gerais explora Minas!
Enquanto isso no Hall das injustiças:

Patrimônio rima com demônio!
Lavras vive noite histórica com a reabertura da Igreja do Rosário

Uma multidão de pessoas acompanhou na noite de ontem, a reinauguração da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, na Praça Dr. Augusto Silva, promovida pela Prefeitura Municipal de Lavras em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan).

A solenidade, que teve início às 18h, contou com a presença de diversas autoridades da sociedade civil, tendo como um de seus pontos principais, a participação das Meninas Cantoras de Petrópolis, a Banda Tom de Deus e o lançamento do coral Meninas Cantoras de Lavras.

Houve celebração eucarística, presidida pelo pároco da Igreja Matriz de Sant' Ana, Pe.Iliseu Schneider, que recebeu das mãos da prefeita Jussara Menicucci de Oliveira as chaves do templo.

Durante seu discurso, a prefeita Jussara Menicucci, enalteceu a participação da equipe que colaborou na realização da reforma. Bastante emocionada ao final de sua fala, ela foi amparada pela juíza da 1ª Vara da Infância e Juventude de Lavras, Dr.ª Zilda Maria Yossef Murad."

Poder restaurar está igreja foi uma benção de Deus para nós. Hoje só temos a agradecer a todas as pessoas que se envolveram na realização desta obra", declarou ao Lavras 24 Horas".
Desespera não! Há uma velha feiticeira com nome e ornato de santa na Tenda Betesda em Lavras (Aparecida). Ela sabe dos poderes medicinais que o Deus Jardineiro e Sumo Pajé escondeu nas ervas que crescem por aqui, sabe e compartilha com a gente. Desespera não!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Aquosas

Aquosas
Miguel Garcia


Água viva!
Vida morta!
Secreções do tempo...
sangue, suor e lágrimas,
saliva e excreção do medo.
Sonho extraído,

im-plantado no fogo,
sumo de frutos amargos/doces,
sopa rala o existir.
Sensações destiladas gotejando lentas...
Vagas sob a ação do vento...
Sedução do brilho,

isca para os olhos.
A aparência cristalina,
o lustre,
o diamante do inédito,
sonho à vista!
Ebriedade de tudo,
criação azul aturdida!
Água de telhado...
Piracema marítima,
cardume de imagens
arribando,
nascentes de um rio poético,
desova,
curso...
Água de barrela,
suja,
água do monte...
enxurrada extemporânea,

imprópria do seu tempo
assombro, vágado...
Água lustral

extingue tição de um desejo
Colhe da pira a renúnica de ser e amar,
Sacralidade,
água termal..
Água benta,

amarga,
doce.
Águas brancas, brutas...
Água-de-flor...
Água-má,
Espelho da Lua e os cristais...
Água-marinha,

água-mel,
ardente-água!
Marés de todos,
as chuvas,
águas-de-janeiro,
de setembro,
as águas-sós e infinitas...
as águas minhas,
águas benditas!
Odes aquosas!

Água na boca

Água na boca
Miguel Garcia

Água essência,
e a vida fria.
Água!
Penetrada de luz,
defloro,
libada,
vida.

Virilismo da claridade,
água e luz copulando...
Corpos nus,
frenéticos movimentos,
saracoteio a céu aberto,
água orgia,

luz vadia,
despudorada!
Atalho nos con-ti-n-entes,
nuvens prenhas...
contrações na va-s-ti-dão.
Tenho sede!
clímax do ato...
trás-dos-montes:
sombras, chuva, ondas, marés...
Porte aquático, espectral..
Vida Incolor,
inodora, apagada...
bocado de oceano,
além morte...
Ser rio e fonte luminosa,
boia no ar,
pedra gelada, cegar...
cio das águas:
no firmamento,
no chão,
ciclo do existir...
Umidade e facho:
na pele,
nos olhos,
na boca,
semen-te...
Cálida Vida...
Água na boca!

sábado, 12 de julho de 2008

Magia Negra

Magia Negra
Miguel Garcia

Declaro soberbos ingredientes mesclados às minhas canções,
essenciais como os da poção de um bruxo,
obra de feitiçaria.
Caldeirão borbulhante de angustias,
substâncias em ondas sonoras
flutuando sem que nelas se dissolvam,
suspensão tempo-rária,
contraste ruidoso,
agulha em brasa,
estridor!...
O que tem a áspide com as aves columbinas?
Magia Negra! Buá-hahahahahah!..

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Lamento e Profecia

Lamento e Profecia
Miguel Garcia

- São Paulo, São Paulo!
Que mata profetas
e apredeja poetas portadores da beleza e inocência dos deuses!

Quantas vezes desejei abraçar seu sentimento assim como a galinha ajunta filhotes debaixo das asas, mas você não quis!

Agora sua casa ficará abandonada.
Eu afirmo que não me verá mais, até chegar o tempo em que diga:
“Façamos feliz um poeta entre nós!”.
Forçado a deixar seu “templo”,
circunstâncias e oposições sobrevindo...
Expulso de um monte coberto de neve...
Logradouro... tristeza profunda,
afastei-me dali!
- Pedras de mármore brilhando ao sol
tão brancas-esverdiadas que à distância
afiguravam-se à superfície calma do oceano.
À distância...
estive perto demais!

Frontais do templo humano recobertos de ouro,
portais imensos,
quase tão altos como o próprio edifício, cerrados.

Fuga do memorial,
das memórias,
monumento,
habit-ação de ímpiedades...
escapei??

Afastei-me lentamente,
pens-ativo..
Fermentou a mensagem rejeitada,
a poesia vã,
a canção sufocada eclodiu:
Icabode!

Mergulhei em sombras, melancolia,
antevi escombros, pesadelo, decadência,
desertos infernais, erosão de alma...
boca seca.

Turba matizada que em meus pensamentos,
visões.. assombros... ravinas..
Agonia das gentes,
violência, sangue derramado...
Sobreveio a destruição!

Não vejo o futuro.
Não. Vejo.
Quantas vezes, à talhe de foice,
provi recolher meu povo em fantasia viva,
agitada, caprichosa, vagabunda, solta,
exaltada, desvario de poeta
– de doido, de ébrio, conto-de-fadas,
de mil e uma noites,
feitiço, canções, poemas,
castelos no ar, adivinh-ação!..
Desolada São Paulo cidade!
Quão patentes evidências de presságio cumprido:
Seu sinédrio outrora “grandioso e augusto”,
hoje delibera sobre os próprios crimes.

Sangue e suor umedecem paredes nos templos caiados
- manchas de bolor,
flores tétricas em relevo,
mudas de pecado,
feridas agudas purulentas
atestando a fome de luz,
fealdade desdoirando os olhos.
Gemidos de dor nas estruturas,
ambição e morte cimentando pedra sobre pedra,
cemitérios clan-destinos...
sinagogas jazendo em ruínas.

Eu vi no espelho mágico,
no espaço cibernético:
veredas entulhadas,
lamento, perplexidade e miséria.
Pois dificilmente família houve
que não perdeu ente querido.
Linhagens extintas,
soledade que outrora celebração e vida..

Lavoura Arcaica...
um oráculo rasgando o silencio:
Eis que a vossa casa ficará deserta,
sem encanto ou chama que desperte!

- São Paulo, São Paulo! Que mata profetas e apredeja poetas portadores da beleza e inocência dos deuses!

Quantas vezes desejei abraçar seu sentimento
assim como a galinha ajunta filhotes debaixo das asas,
mas você não quis!
Agora sua casa ficará abandonada.

Eu afirmo que não me verá mais,
até chegar o tempo em que dirá:
“Façamos feliz um poeta entre nós!”.

Mescla

Mescla
Ao poeta Paulo Cruz

Ah! amigo poeta,

De seus poemas não há mais nada a dizer,
a não ser, que encerram beleza, que se fazem essenciais feito casca de uva,
e que se deve abriga-los no coração.

Hoje acordei transfigurado..
mais orgânico,
cônscio da estrutura de mim...
Devenir de histórias de vida... Redimido..
a um passo de um devir...
no intervalo de deusas africanas, como algo que se constrói e se dissolve noutra coisa,
em outro alguém..

Agora que sabemos menos um do outro – que podemos apenas ser e amar..,
só nos resta sorver toda delícia de nus imantarmos,
liquefeitos até que perfeitamente solidificados em Molde-Crístico que imprimirá barra- forma e quilate à nossa existência.

Eis que tudo foi e ainda será bom!

Essa substância cada dia mais misturada a você,

Miguel Garcia

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Deus e o homem

Deus e o homemS. Kierkegaard

O homem que se interessa só ligeiramente e de raro em raro por sua afinidade com Deus, mal pode pensar ou sonhar que se acha de tal forma intimamente ligado a Deus, o que Deus se acha de tal forma perto d’Ele, que existe uma relação recíproca entre ambos: quanto mais forte é o homem, mais fraco é Deus; mais fraco é o homem, mais forte é Deus nele. Todo homem admite a existência de Deus, naturalmente pensa nele como o Mais Poderoso, como Ele o é eternamente, a criação é como nada; tal homem, porém, mal pensa na possibilidade de conexão mútua. Mas o Deus amoroso, que em amor incompreensível te criou a ti para seres algo para Ele, amorosamente exige algo de ti.

Aqui temos a conexão recíproca. Se o homem, egoisticamente, conservar aquilo que o amor fez por ele, e desejar egocentricamente ser algo, então, num sentido terreno, ele é forte – mas Deus é fraco. E é como se o pobre Deus quase fosse logrado: como amor incompreensível, Deus foi adiante e fez o homem algo – e logo depois o homem ludibria Deus e conserva aquilo como se fosse dele próprio. O homem terreno confirma-se na noção de que é forte, e é ativado talvez pelo julgamento profano de outras pessoas na mesma suposição, talvez por presumir que pode transformar a face do mundo – mas Deus é fraco. Por outro lado, se o homem abandonar esse algo, a independência, a liberdade de agir por si mesmo, que o amor lhe outorgou; se essa perfeição de seu desejo consiste em existir para Deus ele não abusará, tomando-a em vão; se Deus aliás, o auxiliar nessa veneração por meio de sofrimentos amargos, ele é fraco – mas Deus é forte. Ele, o homem débil, abandonou inteiramente este alguma coisa em que o amor o transformou, admitiu sem reservas que Deus tirou dele tudo o que era para ser tomado. DEUS somente espera o homem dar terna e humildemente seu jubiloso consentimento, e com isto entregar-se de maneira total, então ele é completamente fraco – e Deus é mais forte. Para Deus só há um obstáculo: o egoísmo do homem, que está entre Ele e o homem como a sombra da terra quando produz eclipse da lua. Se existe este egoísmo, então o homem é potente, mas sua força é a fraqueza de Deus; se o egocentrismo é inexistente, então o homem é fraco, e Deus poderoso; quanto mais fraco se torna o homem, mais forte Deus se torna.

Contudo, se é assim, então em outro sentido, no verdadeiro sentido a relação está invertida; e com isto chegamos à felicidade. Pois aquele que é forte sem Deus, é precisamente o que é fraco. A força pela qual um homem permanece só pode ser comparada à força de uma criança. Mas a força pela qual um homem permanece só em Deus é fraqueza – Deus é forte em tal proporção que Ele é toda a força, a própria força. De modo que estar sem Deus é estar sem poder. E ser poderoso sem Deus é ser forte... sem força; é como estar amando sem amar a Deus, e assim amar sem amor, pois Deus é amor. Mas quem se torna inteiramente fraco, Nele torna-se forte. E o fato de que Deus é mais e mais forte no homem, isto significa que também se torna mais e mais forte. Se pudesses tornar-te inteiramente fraco em perfeita obediência, para que, amando a Deus compreendesses que não és capaz de fazer mais nada, então todos os poderosos da terra, se estivessem unidos contra ti, seriam incapazes de ofender um cabelo de tua cabeça – que poder prodigioso! Mas, de fato, isto não é verdade e não digamos nada falso. Realmente, eles seriam capazes de fazer isto, seriam mesmo capazes de matá-lo, e a grande conjunção de todos os poderosos da terra não é de modo algum requisitada para este fim; um poder muito, muito inferior pode fazê-lo bem facilmente.

Contudo, se fores inteiramente fraco em obediência perfeita, então todos os poderosos da terra em conjunto não terão poder para ofender um cabelo de tua cabeça contrariamente à vontade de Deus. E quando és ferido, quando és injuriado, quando és posto à morte – se foste inteiramente fraco em perfeita obediência – entenderás amorosamente que nenhum dano te vai ser causado, por mínimo que seja, e que tudo é para teu verdadeiro bem-estar – que prodigiosa força!

Nenhum Amor é Menos Ridículo que Outro

Nenhum Amor é Menos Ridículo que Outro

Temos, pois, que ao amor corresponde o amável, e que este é inexplicável. Concebe-se a coisa, mas dela não se pode dar razão; assim também é que de maneira incompreensível o amor se apodera da sua presa. Se, de tempos a tempos, os homens caíssem por terra e morressem subitamente, ou entrassem em convulsões violentas mas inexplicáveis, quem é que não sofreria a angústia? No entanto, é assim que o amor intervém na vida, com a diferença de que ninguém receia por isso, visto que os amantes encaram tal acontecimento como se esperassem a suprema felicidade. Ninguém receia por isso, toda a gente ri afinal, porque o trágico e o cómico estão em perpétua correspondência. Conversais hoje com um homem; parece-vos que ele se encontra em estado normal; mas amanhã ouvi-lo-eis falar uma linguagem metafórica, vê-lo-eis exprimir-se com gestos muito singulares: é sabido, está apaixonado. Se o amor tivesse por expressão equivalente «amar qualquer pessoa, a primeira que se encontra», compreender-se-ia a impossibilidade de apresentar melhor definição; mas já que a fórmula é muito diferente, «amar uma só pessoa, a única no mundo», parece que tal acto de diferenciação deve provir de motivos profundos.

Sim, deve necessariamente implicar uma dialética de razões, e quem não as quisesse ouvir ou não as quisesse expor, ganharia mais em desculpar-se com a inoportuna extensão do discurso do que em alegar a falência total de explicações.

Ora a verdade é que o amante não pode explicar nada, não sabe explicar nada. Viu centenas de mulheres; deixou talvez passar muitos anos sem experimentar o amor; e um dia, de repente, vê a sua mulher, a única, a Catarina.
Isto é ridículo. Sim, é cómico que tão grande força que há-de transformar e embelezar a vida inteira - o amor - nem sequer seja como o grão de mostarda donde deverá surgir uma grande árvore, que seja menos do que isso, que, em última análise, se reduza a um quase nada. Sim, é cómico que do amor não se possa apresentar um só critério prévio, por exemplo a idade em que se produz tal fenómeno, que da escolha da única mulher no mundo não se possa dar a mínima razão, que se haja escrito que «Adão não elegeu Eva, porque não teve possibilidade de a distinguir entre as mulheres».

Não será igualmente cómica a explicação apresentada pelos amantes? Ou melhor, essa explicação não servirá para acentuar ainda mais o aspecto cómico? Os amantes dizem que o amor os cega, e depois de dizerem isso é que tentam iluminar o fenómeno. Se um homem entrasse numa câmara escura para ir lá buscar um objecto qualquer, e se respondesse «não vale a pena, a coisa não tem importãncia», a quem lhe dissesse que procuraria melhor se levasse consigo uma luz, eu compreenderia muito bem a atitude desse homem. Mas se esse mesmo homem me chamasse à parte para em grande mistério me confiar que ia buscar uma coisa importantíssima, e que por isso mesmo tinha de a procurar às cegas - como poderia a minha pobre cabeça de mortal seguir a subtileza de tão desconcertante linguagem! Evidentemente que não lhe riria na cara, para não ofender; mas, assim que ele voltasse as costas, não poderia mais conter a vontade de rir.

(...) Se me entrego à hilaridade, estou muito longe de querer ofender alguém. Desprezo, porém, esses loucos, persuadidos de que o amor deles está tão completamente justificado que podem de bom grado mofar dos outros amantes; pois, uma vez que o amor se furta a qualquer explicação, todos os amantes se tornam igualmente ridículos.

Soren Kierkegaard, in "O Banquete" (Discurso do Mancebo, sem experiência no amor)

O Irracional no Amor

O Irracional no Amor

Se é ridículo beijar uma mulher feia, também é ridículo dar um beijo a uma beleza. A presunção de que amando de uma certa maneira se tem o direito de rir do vizinho que tem outra maneira de amar, não vale mais do que a arrogância de certo meio social. Tal soberba não põe ninguém ao abrigo do cómico universal, porque todos os homens se encontram na impossibilidade de explicar a praxe a que se submetem, a qual pretende ter um alcance universal, pretende significar que os amantes querem pertencer um ao outro por toda a eternidade, e, o que mais divertido é, pretende também convencê-los de que hão-de cumprir fielmente o juramento.
Que um homem rico, muito bem sentado na sua poltrona, acene com a cabeça, ou volte a cara para a direita e para a esquerda, ou bata fortemente com um pé no chão, e que, uma vez perguntado pela razão de tais actos, me responda: «não sei; apeteceu-me de repente; foi um movimento involuntário», compreendo isso muito bem. Mas se ele me respondesse o que costumam responder os amantes, quando lhes pedem que expliquem os seus gestos e as suas atitudes, se me dissesse que em tais actos consistia a sua maior felicidade, como é que eu poderia impedir-me de ver o ridículo de tal explicação - tal como o exemplo que há pouco dei; se bem que diferente, é certo -, enquanto tal homem não se resolvesse a pôr termo à minha hilaridade, confessando que esses gestos não tinham significação alguma. Num repente, com efeito, a contradição, que é a base do cómico, desaparece; porque não há nada ridículo em que uma coisa destituída de sentido seja reconhecida como tal, mas é grotesco atribuir-lhe um alcance universal. Em relação ao involuntário, a contradição reaparece: não é possível admitir o involuntário num ente racional e livre.

Soren Kierkegaard
, in 'O Banquete' (Discurso do Mancebo, sem experiência no amor)