domingo, 20 de novembro de 2011

Antes do “louvor e a-dor-ação”:

Antes do “louvor e a-dor-ação”: 
(Por Miguel Garcia) 

Pergunte se Deus é amor - se todo o seu ser consiste em amar. Pergunte se a criação é um ato contínuo para a nossa realização e felicidade. Pergunte se como Criador a glória de Deus é a nossa vida; se como Pai/Mãe, a alegria de Deus é ver a nossa. Pergunte se Deus se deleita com nossos êxitos, se é apoiador ou adversário do humano.


(...) Ao Nosso Senhor
Pergunte se Ele produziu nas trevas o esplendor
Se tudo foi criado - o macho, a fêmea, o bicho, a flor
Criado pra adorar o Criador

E se o Criador
Inventou a criatura, por favor,
Se do barro fez alguém com tanto amor
Para amar Nosso Senhor

Não, Nosso Senhor
Não há de ter lançado em movimento terra e céu
Estrelas percorrendo o firmamento em carrossel
Pra circular em torno ao Criador

Ou será que o Deus
Que criou nosso desejo é tão cruel
Mostra os vales onde jorra o leite e o mel
E esses vales são de Deus - Sobre todas as coisas
(De: Chico Buarque & Edu Lobo) 

Antes do “louvor e a-dor-ação”, pergunte à santo Irineu se 
o esplendor de Deus é o homem vivente; se a realização humana é a contemplação Divinal, pergunte... pergunte... 


Vassum Crisso

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

“A voz do povo é a voz de Deus”

 “A voz do povo é a voz de Deus”
(Bem que a intuição clamava... insistia... Miguel Garcia)

... “O povo é depositário da revelação divina... Tem uma espécie de sexto sentido, pelo qual reconhece se as coisas que recebe dos outros são suas ou não. A intuição de fé faz com que ele aceite ou recuse certas doutrinas ou novidades que se propagam; faz com que aceite aquilo em que reconhece uma verbalização ou até uma correção da fé que possui... Ao povo nada se ensina, mas a ele se devolve explicitado e purificado, o que do povo se recebeu.  A vida do povo de Deus é a matriz de todo o conhecimento em torno da fé, e dele também é o juiz. “É duro suportar a demora de Deus”, diz o Eclesiástico. O povo pode ser enganado, facilmente, e levado ao erro, mas nunca é o povo todo nem é por prazo indefinido. A fé e o bom senso reconduzem-no sempre para o bem caminho. O povo não se engana, conforme o ditado “A voz do povo é a voz de Deus”.”  Fonte: Por trás das Palavras – Carlos Mestres  

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Sobre o que “não deveria ser”...

Sobre o que “não deveria ser”...
(Reflexões sobre o mal, ins-pirado no livro: REPENSAR O MAL – A.T. Queiruga)
Por Miguel Garcia

Lendo um dos títulos do genial teólogo Andrés Torres Queiruga (REPENSAR O MAL) – Paulinas Ed., refleti sobre alguns conceitos que agora compartilho com os amigos (as):

Existe o mal padecido e o mal infringido, o da enfermidade e o do crime, o individual e o coletivo, o da catástrofe natural e o da traição do ou ao amigo; o mal de algum modo tolerável, o que parece ter um sentido e o que se mostra irremediavelmente absurdo... Há o mal visto à altura humana e o que intuímos no sofrimento animal ou mesmo nas catástrofes naturais... Tomado em seu sentido mais óbvio e fundamental, o mal é um ‘fenômeno’ antropológico ‘original’. É aquilo que em um dado momento percebemos como o que não deveria ser; é, como dizia Santo Agostinho, “o que causa dano”, acrescentemos: a si mesmo e aos demais. Não necessita ter um conceito preciso para se fazer sentir: “ é antes um nome para o que nos é ameaçador”. Como escreve Ingolf Dalferth: “O caleidoscópio do mal conhece inúmeras variações na vida humana, porém sempre causa dano e destrói vidas de modo insensato e absurdo”. Alias, para ser percebido como problema real, o que é considerado mal nem sequer precisa ser real em si mesmo: no limite, também um mal imaginário pode atormentar e se apresentar como o que não deveria ser. Experiência elementar , fenômeno primário, duro desafio para a humanidade, o mal. “Pode-se negar o mal, porém não o sofrimento” (Georg Buchner). Ainda que o sofrimento não seja o único mal, o realismo da frase corta pela raiz a tentação de evasão teórica.
Para compreender a real seriedade do que está em jogo, basta simplesmente pensarmos que se trate disso ao qual remetem igualmente o choro ainda “sem palavras” – do recém nascido e a busca de remédio para uma ferida ou uma enfermidade; “isso que comove a humanidade diante das grandes catástrofes naturais; “isso” que torna repugnante uma traição ou suscita horror perante a escravidão , o holocausto ou a fome do mundo. O “mal” é, em seu significado mais elementar e em sua mais inegável realidade, aquilo que experimentamos como o que subjetivamente “não queremos” e do que objetivamente pensamos que “não deveria ser”, e que, bem por isso, rejeitamos e procuramos eliminar ou, pelo menos suavizar. ()... Basta uma visita - com olhos, os ouvidos e o coração abertos - a qualquer hospital, sem falar nos horrores de uma guerra, para compreender a terrível seriedade que paira por sobre e penetra tudo o que "não deveria ser": o mal... 

Vassum Crisso