sábado, 26 de janeiro de 2013

Cabeça de peixe


Cabeça de peixe
Miguel Garcia

Cadáver no freezer
Desejo nos lábios
A ausência de luz
Aperto no peito
Um ser despejado
Em osso e em pelo

Cabeça de peixe
Espaços vazios 
A vã cavidade
A coisa nascida
Carneiro castrado

O que não existe


 O não ocupado
 Andar sem destino
Boiar sem direção
Errar; propalar-se
Mulher bem vistosa
Respire sem guelras

Vassum Crisso








segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Oceânica!


Oceânica!
Miguel Garcia

Sei que uma mulher extraordinária 'permanece submersa' em você:
Algo que resplandece - um charme - um porte de deusa.
Sei que seu modo de falar e calar, assim como o todo de sua personalidade, merecem o culto de adoração que se formou ao seu redor.
Eis a 'nova' Vênus.  
Eis os contornos de uma arcaica feminilidade mani-festa-ndo-se, apesar de inter-ditos...
Eis Afrodite desfilando irresistível feito força gravitacion-ALL que a todos atrai para si.
Eis o encanto perman-ente.
Não há quem possa definir o início de um reinado Afrodisíaco e trans-parente de Etern-idade!

Vassum Crisso

sábado, 19 de janeiro de 2013

Só pra quem curte uma ‘boa comédia’:


Só pra quem curte uma ‘boa comédia’:
Aos Tartufos ou Histriões - Aos sádicos “evangeli-à-dores - Aos que aprisionam a msg crística nas garras da mentira, vaidade e ganância.
Por Miguel Garcia

A vocês que dizem o que é o bem... e por conseqüência o 'compreenderam'. Quando em seguida vão agir, vê-los cometer o mal - nega-ando e descartando gente como se fossem um vestido de debutante... 'tão amado' por um dia, mas que agora, encontra-se num brechó qualquer, sendo vendido a 1 real... 
A vocês que dizem o que é o bem... e por conseqüência o 'compreenderam'. Quando em seguida vão agir, vê-los tratando pessoas como se elas fossem uma árvore de natal em meados do dia 07 de janeiro, atirada no lixo, ainda com algumas bolas e tufos e algodão dependurados... Vê-los eugenizando feito um "pai" Abraão, que sem pestanejar, envia Hagar e Ismael  para um passeio 'sem volta' no mar de areia - ao inferno de então... Vê-los ausentes feito um estrupr-a-dor depois de liberar esperma a-bunda-ntemente... e, depois, a vítima fica lá, de pé na calçada da vida, com a 'calcinha amarrada' com fita isolante...
Que cômico infinito! O cômico infinito destes outros, comovidos até às lágrimas a ponto de, como suor, elas lhes caírem a cântaros, capazes de ler ou escutar horas e horas o quadro da renúncia a si mesmo, todo o sublime de vidas sacrificadas à verdade – e que um instante depois, um, dois, três, uma pirueta, os olhos ainda mal secos, e ei-los que já se afalfam, segundo as suas pobres forças, a ajudarem ao sucesso da mentira!

Ainda o cômico infinito de um discursador, que, com a verdade do acento e do gesto, comovendo-se, comovendo a outrem, faz calafrios pela sua pintura da verdade e desafia todas as forças do mal e do inferno, com um aprumo de atitude, um topete do olhar, uma justeza do passo, perfeitamente admiráveis – e, cômico infinito que ele possa quase logo, ainda com quase toda a sua atitude, escapulir-se como um covarde ao menor incidente!

O cômico infinito de ver alguém que compreenda toda a verdade, todas as misérias e pequenezas do mundo etc., que as compreenda e seja incapaz de reconhecê-las! Visto que, quase no mesmo instante, esse mesmo homem correrá a envolver-se nessas mesmas pequenezas e misérias, para delas tirar honras e vaidade, ou seja, reconhecê-las.

Oh! Ver alguém que jura ter se dado conta de como Cristo caminhou sob a aparência humilde de um servo, pobre, desprezado, objeto de escárnio, e, como dizem as Escrituras, sob os escarros, e ver esse mesmo homem ocultar-se cuidadosamente nesses lugares do mundo, onde se está tão agradavelmente, aninhar-se no melhor abrigo. Velo fugir com tanto receio como que para salvar a sua vida, a sombra da direita ou da esquerda, da menor corrente de ar, vê-lo tão bem-aventurado, tão celestemente feliz, tão radioso, transbordando gargalhadas-Fiodoristicas – sim, para que nada falte ao quadro, é-o a tal ponto que sua emoção o leva até agradecer a Deus – tão radioso pela estima e pela consideração universais! Quantas vezes não disse comigo em tais ocasiões: Kierkegaard, Kierkegaard: Socorro, Kierkegaard!!!! 

Será possível que pessoas assim se deem conta daquilo que elas mesmas afirmam darem-se conta?

Tanto saber e compreensão permanecendo sem ação sobre a vida dos homens, mulheres e crianças, vida na qual nada se manifesta do que compreenderam, antes pelo contrário! Frente tal discordância, tão triste quanto grotesca, exclama-se involuntariamente: "mas com que diabo, é possível que eles tenham compreendido"? Aqui o velho ironista e moralista responde: "não te fies nisso, meu amigo, eles não compreenderam, de outro modo a sua vida exprimi-lo-ia, e os seus atos corresponderiam ao seu saber".

Tantas aulas brilhantes que quase sempre me frustram, não por serem brilhantes, mas por serem aulas metodologicamente expositivas e não discursivas, eliminando abordagens indagativas: “senta que lá vem história!”.

Tudo é quimera! O Cristianismo está deturpado e os ensinamentos de Jesus esquecidos e destruídos!

Adaptado da obra de Søren Aabye Kierkegaard, para "azar" de quem leu!

Vassum Crisso 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

‘Não dá pra ser feliz’!



‘Não dá pra ser feliz’!
Por Miguel Garcia

“Eu te vejo sumir por ai
Te avisei que a cidade era um vão
Dá tua mão!  
Olha pra mim!
Não faz assim:
Não vai lá, não! (Chico B.)

Bem-aventuradas as crianças, porque não sabem a razão daquilo que desejam.
Bem-aventurados os adultos que, tal qual as crianças, caminham vacilantes e ao acaso sobre a terra, sem saber de onde vêm nem para onde vão! Agem sem objetivos determinados e deixam-se governar, como os infantes, por meio de biscoitos e vara de marmelo.
Bem-aventurados aqueles que vivem sem pensar no futuro, como meninos e meninas, 'passeando, despindo e vestindo suas bonecas'; aqueles (as) que 'rondam respeitosamente em torno da gaveta onde a mãe guardou os doces' e, quando conseguem agarrar, enfim, as cobiçadas guloseimas, devoram-nas avidamente e gritam: “Quero mais!”, eis as criaturas ‘felizes’!
Bem-aventuradas também as pessoas que dão nomes pomposos às suas fúteis ocupações, e até mesmo às suas obsessões, fazendo-as passar por proezas colossais destinadas à salvação e prosperidade da humanidade. Tanto melhor para os que podem ser assim!...
Mas aquele que humildemente reconhece o resultado de todas as coisas, vendo, de um lado, como os donos na terra: ‘brancos’, ricos e ‘bonitos’, sabem cuidar dos seus jardins e deles fazer um paraíso, e, de outro, como o miserável, levando ofegante o seu fardo, segue o seu caminho sem se revoltar, aspirando ambos, igualmente a ver por um momento mais a luz do sol: ‘não dá pra ser feliz’!  
(Ins-pirado nas invenções do poeta Goethe)

Vassum Crisso

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Eu por mim mesmo

 
Eu por mim mesmo
Miguel Garcia
 
Foi preciso ler parte do meu passado como um insulto para me dar conta de quem sou hoje em dia. Não foram poucas as demo-nstr-ações de arrogância, escarro nos lábios, daqueles (as) que se julgam superiores, daqueles (as) que se consideram nascidos para dominar. Dei-me conta de que minha vida foi palco de múltiplas invasões, dominações, tutelas, não apenas como se faz geograficamente ou ao corpo, mas também, num sentimento... Eu, território ocupado - ambiente 'devastado' e 'reduzido à solidão'. Carrego em mim as memórias dessas in-felicidades e, chego a me dizer, em algumas noites tristes, que, se não tivesse minha fé, talvez eu não fosse mais do que a memória de minhas infelicidades. Quando o desamparo e o sofrimento insistem em invadir e humilhar uma pessoa, é aí que mora a chance de nos tornarmos quem somos de verdade. No silêncio e na meditação dou-me a chance de entrevistar a mim mesmo... Eu, senhor das minhas luzes e trevas... Vassum Crisso