terça-feira, 24 de agosto de 2010

Psico-deus

Psico-deus
Miguel Garcia

O homem moderno necessita de um tu para quem se voltar em busca de dependência espiritual e moral, e como a idéia de Deus se acha em eclipse, o psicólogo e Cia, O tem “substituído” – tal como o ente amado e os pais o fizeram. O tu do psicólogo é o novo Deus que tem de substituir as velhas ideologias coletivas de redenção. A pessoa não se vê capaz de bastar-se a si mesma – não é causa de si mesma e do universo, não serve como Deus, o que dá origem de um problema diabólico que transforma a figura do psicólogo num tipo de obsessão para muitos pacientes - transferência. O homem moderno acha-se condenado a buscar o sentido de sua vida na introspecção psicológica e, por isso, seu novo confessor tem de ser "a autoridade suprema em introspecção", o psicólogo. Segundo Becker e Otto Ranck, é assim que ocorre: o além do paciente fica limitado ao divã analítico e a visão de mundo ali revelada. Nesse sentido, alertam ambos, a psicanálise banaliza a vida emocional do paciente. A pessoa deseja focalizar seu amor em uma extensão absoluta de poder e de valor, e o psicólogo declara-lhe que tudo é redutível a seu condicionamento inicial e é, portanto, relativo. O individuo quer encontrar e experimentar o maravilhoso e o psicólogo revela-lhe como tudo é banal (maquinal, bio-psíquico, químico), como são clinicamente interpretáveis as nossas culpas e motivos ontológicos mais profundos. A pessoa é, desse modo, despojada do absoluto mistério de que carece, e a única coisa "onipotente" que então permanece é o homem ou a mulher que o “resolve”, com explicações (psico-"divindades"). E assim o paciente apega-se a seu psicólogo (a) com toda a força e pavor de terminar o tratamento.
Eis o psico-deus! Pro-seguem aturdidos os pecadores sem nome para isso, contribu-indo mensal ou seman-al-mente. Homens e mulheres sem gravidade disputam o axcesso às palavras "cur-ativas" - querem  'milagres" - 'salvação'. Embutidos no fascínio que seus Gurus exercem, estarão temporari-a-mente sat-is-feitos. Pense nisso como numa versão 'cientificada' do mesmo que ocorre em templos 'católicos', 'evangélicos' e outros... Pensou? É de odiar amar esse negócio - psicologia! Vassum Crisso!

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