sábado, 14 de março de 2015

Sobre o que há de "censurável" no jeitinho de cada um...

Sobre o que há de "censurável" no jeitinho de cada um...
Por Miguel Garcia

Considerando o legado de Otto R. e Becker, fui levado a crer que não se trata de atitude ou ato traiçoeiro, não se trata de ardil ou mera falta de lealdade, má-fé, perfídia. A criatura humana simplesmente não parece ser capaz de evitar o seu egoísmo (amor exclusivo aos próprios interesses), que parece brotar de sua natureza animal. Segundo Becker, através de incontáveis eras de evolução, o organismo tem precisado proteger a sua integridade - trata-se de dedicar-se a proteger sua identidade fisioquímica, pense nos transplantes de órgãos: o organismo se protege contra a matéria estranha, mesmo que se trate de um novo coração que vá mantê-lo vivo. A própria substância primordial do organismo vivo abriga a si mesma - adestra a si mesma contra o mundo, contra invasões de sua integridade. Perece se deleitar (goza) com suas próprias pulsões, se expandindo no mundo e ingerindo parte dele.

No animal humano, um nível prático de narcisismo é inseparável da auto-estima, de um sentimento básico de valorização de si mesmo. Aquilo que as pessoas mais precisam é sentirem-se seguras em relação ao amor-próprio - amor por si mesmas.
No bicho-homem e bicho-mulher a qualidade de gostar de, ou admirar exageradamente a sua própria imagem (narcisismo), vem combinada à necessidade básica de amar a si sobre todas as coisas e pessoas. Eis a razão para a luta diária e, em geral, atormentada entre irmãos e "amigos": ninguém admite ficar em segundo plano ou lugar e ou, ser desvalorizado, muito menos excluído. Um animal que consegue seu sentimento de valor simbolicamente tem que se comparar, em todos os mínimos detalhes, com aqueles que o cercam, para ter certeza de que não vai ficar em segundo lugar.
A conhecida rivalidade entre irmãos é um problema crítico que reflete a condição humana básica: não é que as "crianças" sejam desumanas, perversas ou dominadoras. É o fato delas expressarem muito abertamente o trágico destino da humanidade inteira: a criatura tem que se justificar desesperadamente como um objeto de valor primordial no universo; tem que se destacar, ser um herói ou heroína, dar a maior contribuição possível para a vida no mundo, mostrar que vale mais do que qualquer outra coisa ou pessoa.

"Ave" Marias e cultu-à-dores do próprio umbigo. MG
Vassum Crisso - MG

quarta-feira, 11 de março de 2015

Sobre "seu" jeito de ser!


Sobre "seu" jeito de ser! 
Por Miguel Garcia

Concluí que não se trata de atitude ou ato traiçoeiro, não se trata de ardil ou mera falta de lealdade, má-fé, traição. A criatura humana simplesmente não parece ser capaz de "evitar" o seu egoísmo (amor exclusivo aos próprios interesses), que parece brotar de sua natureza animal. Através de incontáveis eras de evolução, o organismo tem precisado proteger a sua integridade - trata-se de dedicar-se a proteger sua identidade fisioquímica, pense nos transplantes de órgãos: o organismo se protege contra a matéria estranha, mesmo que se trate de um novo coração que vá mantê-lo vivo. A própria substância primordial do organismo vivo abriga a si mesma - adestra a si mesma contra o mundo, contra invasões de sua integridade. Perece se deleitar (goza) com suas próprias pulsões, se expandindo no mundo e ingerindo parte dele. 

No animal humano, um nível prático de narcisismo é inseparável da auto-estima, de um sentimento básico de valorização de si mesmo. Aquilo que as pessoas mais precisam é sentirem-se seguras em relação ao amor-próprio - amor por si mesmas. 

No bicho-homem e bicho-mulher a qualidade de gostar de, ou admirar exageradamente a sua própria imagem (narcisismo), vem combinada à necessidade básica de amar a si sobre todas as coisas e pessoas. Eis a razão para a luta diária e, em geral, atormentada entre irmãos e "amigos": ninguém admite ficar em segundo plano ou lugar e ou, ser desvalorizado, muito menos excluído. Um animal que consegue seu sentimento de valor simbolicamente tem que se comparar, em todos os mínimos detalhes, com aqueles que o cercam, para ter certeza de que não vai ficar em segundo lugar. A conhecida rivalidade entre irmãos é um problema crítico que reflete a condição humana básica: não é que as "crianças" de zero a cem anos sejam peçonhentas, cruéis ou dominadoras. É o fato delas expressarem muito abertamente o trágico destino da human-idade: a criatura tem que se justificar desesperadamente como um objeto de valor primordial no universo; tem que se destacar, ser um herói ou heroína, dar a maior contribuição possível para a vida no mundo, mostrar que vale mais do que qualquer outra coisa ou pessoa. 

Vassum Crisso