sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Sobre Templos salomônicos e outras extravag-âncias ab-surdas


Sobre Templos salomônicos e outras extravag-âncias ab-surdas


'Jerus-além', tudo que em você faz o orgulho de qualquer dos seus, eu não consigo apreciar. 


Quando quiseram fazer Jesus apreciar o Templo reconstruído, extasiar-se diante das pesadas portas de cedro dourado, as romãs, os lírios e as folhagens esculpidas de onde pendiam as velas de linho carregadas de flores púrpuras e jacintos escarlates, sustentadas por querubins de ouro maciço, pode ser que Ele tenha imaginado: “é preciso que uma coisa seja exagerada para ser bela?” Quando exaltaram a organização dos sacrifícios, depois de Ele ter descoberto num cheiro de merda, em meio ao sangue coagulado, de tripas e intestinos enegrecidos, os rebanhos de bois e ovelhas que se propunham aos ricos, as pombas aos pobres, aquelas cercas quadradas de cambistas de moeda com sorriso de gaveta, Jesus pegou um chicote e revirou os balcões. Jesus exigiu que tirassem tudo. A casa de seu Pai não poderia tornar-se ponto de tráfico! Imagino Ele batendo no chão com fúria e, num instante, pode ter visto a Si mesmo cercado de cus, os cus dos covardes que fugiam, os cus das bestas enlouquecidas. A cidade devia ser suja, avarenta, caprichosa, desdenhosa, como muitas das de nossos dias. As portas e as fachadas não deviam esconder muita coisa. A aparência devia reinar, a riqueza devia ficar exposta, o próprio culto devia ser suntuoso. Cada um devia espiar cada um, rivalizar em poder ou em bens com o outro. Em compensação o coração dessa gente devia ser mudo, a ingenuidade deles devia passar por ridículo, a humildade por suicida. Pessoas como estas não tinham como nutrir o desejo de ouvir um “bronco” da Galileia que exaltava a pobreza. 
Jesus não obtinha nenhum sucesso na Jerusalém que matava os profetas, nem mesmo despertava a curiosidade da cidade antiga. Seu único “êxito” consistia em se fazer detestar cada dia mais pela classe sacerd-o-tal de então - doutores da lei, saduceus e fariseus, sendo que o espirito desses últimos, já O apedrejava mesmo antes de O pregarem na cruz. 
Quantas horas Jesus deve ter passado querendo conversar com aquela gente! Quantas horas defendendo a religião do coração contra a religião dos textos. Quantas horas explicando que elas não se excluíam, pois uma, inspirava a outra.
Imagino os pedantes, argumentadores, doutores livrescos, fazendo Jesus recomeçar sempre, forçando-O a Se tornar jurista, exegeta, teólogo, a meter-se nas controvérsias do direito “canônico”, em que, forçosamente, Ele se mostrava “inferior”, pois só tinha como guia a Sua luz.
Imagino essa turba de atores defendendo suas instituições, tradições, seu poder, enquanto que Jesus só falava de Deus, as mãos vazias. 
Sobre Templos salomônicos e outras extravag-âncias ab-surdas não vou dizer mais nada de coisa alguma. Melhor deixar a mente voar até as belezas terrestres...deixá-la livre... devanear como a mente de Deus!!!... 

(Ins-pirado na reluz-ente obra de E. E. Schmitt)

Vassum Crisso - MG

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Tenho "abandonando" muita gente por aí... por aqui...


Tenho "abandonando" muita gente por aí... por aqui...
Miguel Garcia

Quem dera "ouvíssemos" mais "sermões" do poeta Goethe e menos feiuras retocadas dos gurus "evangeliz"-a-dores! 
Quem dera 'disséssemos a nós mesmos, todos dias: "Você não tem outro poder sobre seus amigos senão deixá-los com suas alegrias, aumentando a sua felicidade conforme a compartilha com eles. Posto que dificilmente seremos capazes de consolar nossa gente amada quando estiverem com a alma agitada por paixão violenta ou machucada pela dor. 
Soube que o mau-humor é uma espécie de preguiça - que ele é exatamente como a própria preguiça. Somos muito inclinados à preguiça; entretanto, basta que tenhamos coragem de fazer um grande esforço, que o trabalho sai rápido e encontramos na atividade um verdadeiro prazer. Viva o bom humor e bom-abandono!

Promessa
Miguel Garcia

Ah meu amigo,

Te prometo meu sorriso
Te prometo corrigir-me
Te prometo o paraíso
Te prometo ficar firme

Te prometo nunca mais
Rememorar pequenos ais
Te prometo rir da sorte
E não ceder à dor do corte

Ah meu amigo,

Irei fluir tempo presente
Dando as costas ao passado
Irei viver urgentemente
Esperançoso, ancorado

Ah meu amigo,

Concluí que tens razão,
Homens sofreriam menos,
Tais seriam bem mais plenos,
Sem fazer concentração:
Na lembrança de seus males,
Nos regressos aos seus vales,
Escavando o inferno e o poço,
Ao invés de um grande esforço,
Pra tornar mais suportável,
Vida: fruto e caroço.

Vassum Crisso - MG

Sobre minha experiência Re-li-giosa


Sobre minha experiência Re-li-giosa


Minha experiência re-li-giosa nunca foi algo que preme-ditei realizar. Jamais me preparei responsavelmente para protagonizar tal "proeza". Jamais tive o porte de um Telêmaco em busca de seu próprio pai, jamais. Tal busca teria tido o alcance de aventura heroica superior, como a aventura de ir no encalço do próprio horizonte, reivindicar a 'natureza' intrínseca, acossar a própria fonte vital - seria algo bem voluntário...
Minha experiência religiosa teve mais a ver com a-venturas às quais somos lançados. Não era minha intenção, mas de repente eu estava ali, enfrentando vida, morte e ressurreições... De repente eu estava ali, balbuciando nomes divinos que insistiam em vir morar nas palavras e desejos... De repente eu estava ali, vestindo um "uni-forme" que me tornava "outra criatura"... 
Minha experiência religiosa foi como ser a-traído pela "astúcia de um cervo" a um "canto da floresta" onde nunca havia estado antes. 

Vassum Crisso - MG