sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Edite Timóteo dos Santos (1935-2009)


Logo você que nunca acreditou na morte, logo você deusa minha, santa heróica, Dona Edite, minha Mãe!! Logo você? Hoje é o dia da minha morte! Durma em paz minha amiga, protetora, sumo bem!!!!!!!!! Amo você!!!!!!!!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Imagem B-ela

Imagem B-ela
Miguel Garcia

Existe um limite quanto a carga de miraculoso que um mero mortal pode suportar!
A cada imagem nua, uma nova canção desponta no horizonte do imaginário artístico!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Negra Poesia Negra!

Não há rancor nem ódio:
há apenas esse clamor surdo
que rebenta em meu coração
ante nossas mãos tão inúteis
que sustentam essa alegoria
crua
de senzala favela e sarjeta.
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(...) para um negro
a cor da pele
é uma sombra
muitas vezes mais forte
que um soco.

(...) minha carta de alforria
costurou meus passos
aos corredores da noite
de minha pele.

Faça sol ou faça tempestade,
meu corpo é fechado
por esta pele negra.
faça sol ou faça tempestade
Meu corpo é cercado
Por estes muros altos,
currais
onde ainda se coagula
o sangue dos escravos.

Por isso, quando as águas
caírem medidas
cuida-te
em teu guarda-chuva
de lanhos
A enxurrada
pode ser um rio
negreiro.

Na panela de pressão que chia
Na cozinha da casa grande
De hoje
Ferve um povo
Há tempos
A se transformar polvo
Pra derrubar vivo
Ou morto
O banquete das opulências.

Eu canto aos Palmares
Sem inveja de Virgílio de Homero
E de Camões
Porque o meu canto
É grito de uma raça
Em plena luta pela liberdade!

Apenas trinta dinheiros
Em São Paulo de Loanda
Apenas trinta dinheiros
A alma o corpo
Vendido
À Companhia holandesa
De Maurício de Nassau
Homensadubo
Das terras plantadas
À beiramar
Tanto mar
De sangue e mágoa
O sangue e suor
Da África para adoçar os dinheiros
Dos holandeses
De Maurício de Nassau.

Sou negro
Negro sou sem mas ou reticências
Beiço
Pixaim
Abas largas meu nariz
Tudo isso sim
Negro
e pronto!

Areia movediça na anatomia da miséria
Panopramanga
na confecção apressada da humanidade
Chaga escarnada contra o riso atômico dos ladrões
Espinho nos olhos do esquecimento feliz de ontem
Eu
Eu feito de sangue e nada
De amor e Raça
De alegrias explosivas no corpo do sofrimento e mágoa.

O negro pronto
Está se fazendo sempre
Por ponto
Atento
Contra o jogo da humilhação e
Do cansaço
Chegando a ficar tonto
De tanta lucidez
Sem porre de talvez
Ou preguiça

Olho-me
espelhos
Imagens
que não me contêm.
Decomponhome
Apalpome.

Me basta mesmo
essa coragem quase suicida
de erguer a cabeça
e ser um negro
vinte e quatro horas por dia.

Descendo a rua
Lá vai o Zé
Triste, cansado
Ele é o povo
Ele é o Zé.
Vive pensando
Que vai deixar
De triste herança
Para o futuro
A corda bamba
O barracão
Marmita vazia
Família sem pão.

Talvez temendo entrar na arena dos leões
eu esconda a coragem nos retalhos
coloridos da vida.
A pálida lua traz o sabor das provações
transformando o olho em ostra
Cismo: a pele em roupa não tem mais razões,
para ser trocada e assim
me recolho e me cubro com a mortalha
De anulações.


Negras imagens . São Paulo: EDUSP, 1996. 11 – 30.
1 O
negrito está no texto original (n.a.).
* Este
texto, em versão modificada, faz parte de capítulo do livro Literatura afrobrasileira
,
organizado por Florentina Souza e Maria Nazaré Lima em 2006. O livro, publicado
pela Fundação
Palmares e pelo Centro de Estudos Afroorientais
(CEAO), pode ser acessado no
site das
instituições.

domingo, 2 de agosto de 2009

Mas-turba-dores!

Mas-turba-dores!
Miguel Garcia


Só quem ama sabe como Deus é!
Todo aquele que ama sabe.
Teol-o(r)gia é masturb-ação in-útil!