segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Só o Messias salva!

Só o Messias salva!
(Sobre enlatados esdrúxulos)
Miguel Garcia

Observe os doutrinadores, como tendem à redução das questões que abordam. Agem movidos por pulsão natural, na pretensão ilusória de perceber/entender capturar - sorver mundos - multidões, não indivíduos.
Reduzem o real à capacidade de entendimento que possuem, ou seja, à forma como são estruturadas as mentes deles.
De acordo com Humberto Mariotti o reducionismo é como o ego: indispensável, mas questionável. Diante de um determinado fenômeno, os chefes da religião percebem e reduzem o que foi percebido à estrutura de compreensão própria de suas estruturas — ao quadrado onde vivem - ao conhecimento que possuem, portanto. Mas, como é óbvio, reduzir algo ao próprio conhecimento é o mesmo que reduzi-lo à própria ignorância. Daí a necessidade de um segundo passo — a reampliação —, que consiste em conferir o que foi percebido. E isso comparando o que foi percebido com compreensões pessoais prévias e, a seguir, cotejando-o com a compreensão dos outros, por meio do diálogo e outras formas de interação e convivência. Dessa maneira poderia ocorrer uma reampliação do que porventura houvesse sido reduzido.
O problema é que nem sempre é fácil voltar a ampliar depois da redução inicial. Tomando como exemplo os patrões da igreja: isso se dá,  porque tendem a reduzir suas compreensões às dimensões do ego, que é frágil, medroso e teme a reampliação. Temem-na porque ela os põe à prova, isto é, leva-os a confrontar as suas percepções e “entendimentos” com os dos outros. Como estão socialmente preparados para serem competitivos, os egos dos doutrinadores – ideólogos da coisa religiosa, invariavelmente vêem os outros como adversários e, portanto, sente-se sempre ameaçados por estes. Por conta disso, pensam segundo modelos predeterminados e buscam apoio em referenciais que julgam inquestionáveis (pressupostos), tornando-se uma forma de remediarem a fraqueza que lhes é tão peculiar. É um modo de porem em prática o ponto de vista empirista, onde existe uma realidade externa que é a mesma para todos. Se essa tese fosse correta, a cognição seria um fenômeno passivo. Assim sendo, todos entenderiam o mundo da mesma maneira. Nessa ordem de idéias, quem não percebesse a "verdade" universal estaria com problemas e, portanto, precisaria de ajuda para alcançar o nível de percepção dos outros. Isto é: para perceber as coisas como "todo mundo" — o que equivaleria a entender a vida e pautar a conduta segundo as normas do senso comum. Entretanto, sabe-se que percepções padronizadas levam a comportamentos estandardizados. Esse é o principal problema da redução não seguida de reampliação.
A tendência do animal humano a eliminar é mais forte do que sua necessidade de integrar. A esmagadora maioria dos patrões da igreja e doutrinadores, exemplificando, não sabe ouvir. Quando alguém lhes diz alguma coisa, em vez de escutar até o fim logo começam a comparar o que está sendo dito com idéias e referenciais que já possuem. Esse processo mental que Humberto Mariotti chama de automatismo concordo-discordo — quando levado a extremos, é muito limitante. Ouvir até o fim, sem concordar nem discordar, tornou-se extremamente difícil para muitos sádicos evangeliz-a-dores. Não sabem ficar — mesmo de modo temporário, entre o conhecido e o desconhecido — "entre a dor e o nada, preferem a dor", o que traduz um apego a esse tipo de repetição o que atesta o adoecimento de tais personalidades centrais – objetos de transferência que a turba tanto gosta.
Faça você mesmo a prova: tente dizer algo a um dos chefes da igreja e irá constatar que ele ou ela não são capazes de escutar até o fim, sem concordar nem discordar, o que seu interlocutor está dizendo. Logo às primeiras frases os pedantes já estarão pensando no que irão responder. Veja como isso é difícil (comunicar-se com tais “beldades” pre-potentes) — e, então, constatará que o automatismo concordo-discordo é uma das manifestações mais poderosas do condicionamento de suas mentes pelo pensamento linear, isto é, pelo modelo mental ou/ou, — a lógica binária do sim/não. Observe a estrutura básica dos títulos que esses “iluminados” dão aos enlatados que costumam publicar - a algumas de suas “invenções” literárias, vulgo, livros evangélicos): “isso ou aquilo, sim/não, ou/ou, certo ou errado, pode-se ou não”, etc, ou seja, pensamento Binário – Automatismo Concordo/Discordo, Pensamento automático, Cartesianismo barato e empobrecido – “conversa pra boi dormir”. Oxalá funcione ao menos como vacina diária contra a loucura do hospício (para quem gosta (masoquistas) é um prato cheio), enfim:
Você está sendo roubado(a)! Esqueça os diplomas, ouse sofrer pensamentos, pense livre – subverta - desobedeça os doutrinadores. Compre livros relevantes, baratos e “não evangélicos” se for o caso, compre lá no sebo do Messias..  “Messias”... que conveni-ente um sebo batizado com um nome desses...  

Vassum Crisso! 

domingo, 27 de fevereiro de 2011

DESOBEDEÇA aos ensinadores!


DESOBEDEÇA aos ensinadores, quer dizer, à burocracia privatizadora do conhecimento: aquela casta sacerdotal que constitui as escolas e academias. Essas instituições geraram e continuam gerando um tipo curioso de agente que proliferou na modernidade: o colecionador de diplomas, que julga as outras pessoas pela sua capacidade de se enquadrar nos processos de ensinagem em vez de avaliá-las pela sua capacidade de aprendizagem. Os diplomas são, então, um reconhecimento e uma validação do conhecimento ensinado e não do conhecimento aprendido. Tendo perdido o monopólio do conhecimento (se é que algum dia tiveram-no) as universidades tentam ainda reter em suas mãos o que lhes restou: o monopólio dos diplomas.

Há também os que – por fora dos sistemas formais de ensino - se intitulam (ou são por alguém intitulados) mestres. Alguns são ordenados para tanto, quer dizer, têm reconhecida, sempre por uma organização hierárquica, sua capacidade de reproduzir uma determinada ordem top down. E querem então imprimi-lo, emprenhá-lo, ou seja, enxertar suas idéias-implante em você, para que você se torne também um transmissor desse “vírus”.
Desobedeça a esses caras. Aprenda o que você quiser, quando quiser e do jeito que você quiser. Aprenda com seus amigos. E compartilhe o que aprendeu com quem você quiser, gerando mais conhecimento. Guarde seus conhecimentos nos seus amigos, não na cabeça dos professores; nem nas instituições que sobrevivem trancando o conhecimento e estabelecendo caminhos obrigatórios, cheios de barreiras e permissões, para dificultar-lhe o acesso; ou, ainda, nos livros submetidos à normas odiosas de copyright. Conhecimento trancado apodrece.
E não siga mestres de qualquer tipo: todos somos aprendentes. ‘Quando o “mestre” está preparado o discípulo desaparece’, quer dizer, ele não precisa mais da muleta chamada “discípulo”: pode se tornar, por si mesmo e em interação com outras pessoas, um aprendente, livre... e tão ignorante como todos nós. Mas enquanto eles estiverem pensando em conquistar discípulos, fuja dos “mestres”!


Vassum Crisso!

Humilde-mente estóica!

Humilde-mente estóica!
Miguel Garcia

Não espere muito dos patrões da igreja, sobretudo dos mais pedantes,  ricos, astutos e poderosos! 
Frustrações, mágoas e irritabilidade, são proporcionais àquilo que esperamos dos outros; quanto mais esperamos, mais sofremos. Não nutra expectativa exagerada.
Não faça o bem para ser recompensado. O maior e melhor prêmio é sentir-se bem consigo mesmo – questão de consciência tranqüila, não espere por quem não disse que viria. (‘Bata na madeira’)!
Deixe de ser vítima de si mesmo e de seu semelhante.
Diminua as chances de sofrer, aprendendo mais a respeito do funcionamento de si e do próximo. Ressentimentos e desencantos serão tão maiores quanto menos nos conhecemos e menos conhecermos a estrutura psíquica do nosso próximo e, conhecer nosso próximo só é possível na medida em que conhecemos a nós mesmos, ou seja: se quiser livrar-se de dores desnecessárias, comece a buscar auto-conhecimento.
Animais humanos são naturalmente sociais e ao mesmo tempo egocêntricos – incapazes de viver sozinhos e, por outro lado, incapazes de conceder aos seus semelhantes às mesmas regalias que acham justo conceder a si mesmos – infernais, alguém já disse, contudo, há uma instancia de esperança: é possível caminhar em direção à mudanças, metamorfoses – fazer novas e sábias escolhas, embora essa opção seja para lá de dificultosa à estrutura das pessoas...
Num primeiro momento não busque mudar o outro, invista em mudar a si mesmo. É complicado operar mudanças no outro e no ambiente que o cerca, isso quando é possível realizá-lo. “Lá fora” é selvagem, desconhecido, pedregoso, íngreme  – escorregadio: desastres são eminentes. Trabalhe em você mesmo, será mais útil, prudente e barato. Não espere muita coisa de pessoas que se imaginam donas do mundo.


Vassum Crisso!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

sábado, 12 de fevereiro de 2011

"Não me siga, siga a você mesmo"

Não me siga, siga a você mesmo!

Essa frase famosa é de Nietzsche. Ela se relaciona fortemente com o funcionamento da
autopoiese intrapessoal (reprodução e evolução do self de cada indivíduo), em conexão vital com o seu meio ambiente,. Significa que o processo autopoiético que se manifesta num determinado indivíduo não pode ser transplantado para o espaço interno de outro. Se você segue os outros em vez de ser você mesmo, perderá rapidamente a sua centelha e deixará de refletir a luz de sua individualidade. Sem esta, não há auto-atenção,
crescimento pessoal nem progresso na vida.
Seguir outra pessoa (seja mentalmente, emocionalmente ou espiritualmente) significa copiar, imitar ou identificar-se com o mecanismo de autopoiese intrapessoal do outro e esquecer o seu self real. Essa circunstância pode resultar em conflitos fatais entre o self e a mente (confusão de pensamentos), entre o self e o coração (confusão de sentimentos) e entre o self e o espírito (confusão na busca da identidade). A autopoiese intrapessoal precisa de liberdade para funcionar. A partir do momento em que nos rendemos a algum outro self, nossa liberdade é perdida e nos tornamos incapazes de auto-expressão. A falta de liberdade torna a auto-percepção impossível e resulta na perda de oportunidades individuais para o autoconhecimento, auto-realização e crescimento. 

Fonte: Vladimir Dimitrov e Robert Ebsary


DESOBEDEÇA aos codificadores de doutrinas, que são todos aqueles que querem pavimentar, com as suas crenças religiosas (e sempre o são, mesmo quando se declaram laicas), uma estrada para o futuro. Eles produzem narrativas ideológicas totalizantes para que você veja o mundo a partir da sua ótica, quer dizer, para que você não veja os múltiplos mundos existentes, mas apenas um mundo (o mundo arquitetado e administrado por eles: uma prisão para a sua imaginação)...


Vassum Crisso!