sábado, 15 de novembro de 2008

Blas-fêmia

Blas-fêmia
Miguel Garcia

Quando eu falei em deus:
Teu silêncio me atingiu como um açoite
Teu poema se ausentou por várias noites
Essa ausência confirmou minha suspeita:
Não és tua, não te das por satisfeita!
Hoje mesmo pedirei a tua alma
Saberás que o teu conforto não te acalma
Saberás que o teu deus é o próprio ventre
Saberás que estás à morte, que és doente
Hoje mesmo pedirei tua ternura,
teus afetos, teu amor tua candura.
Hoje mesmo tu verás do que és feita
És mulher, és poderosa e imperfeita

Quando eu falei em deus:
Teu silencio me atingiu...
Teu poema se ausentou
Algo veio, algo partiu,
desse ateu que agora sou
Quando eu falei em deus...

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