sexta-feira, 12 de março de 2010

Erótic-a-mente fal-ando

Erótic-a-mente fal-ando
Miguel Garcia

Tentadora a explicação freudiana de haver um impulso interior para a morte assim como para a vida e, por conseguinte, ser possível explicar a violenta agressão humana, o ódio e o mal bi-ológica-mente falando. Daí, a agressividade humana proveria da fusão do instinto de vida com o de morte. Ela seria uma representação do desejo de morrer do organismo, contudo, o organismo poderia salvar-se de seu próprio impulso para a morte redirigindo-o para fora. O desejo de morrer, então, seria substituído pelo desejo de matar, e o homem derrotaria seu próprio instinto de morte ao matar outros. Apoiando-se nessa tese, é possível pensar que o bípede humano viveria firmemente encravado no reino animal (o que de fato é verdadeiro). Que tentação projetar uma teoria como essa nas relações interpesso-ais de igreja...
Existiria algo como uma neutralização do instinto de morte ao matar outros. Haveria uma lig-ação entre a morte da própria pessoa morredoura e a carnificina (física ou psicológica, produto de uma ação direta ou simplesmente da negação de outrem – indiferença), praticada pela... enfim.. por quem quer que praticasse.
Essa tese se faz muito desejável uma vez que, não é raro testemunhar, ou mesmo protagonizar o pavoroso da agressão humana: a facilidade com que o animal, “governado por Eros” (segundo Freud), massacra outros seres vivos, valendo-se de métodos sofisticados e “higiênicos” (segundo o que já testemunhei), por vezes.
Matar seria uma resolução simbólica de uma limitação biológica; ela resultaria das fusões do plano biológico (angustia animal) com o simbólico (medo da morte) no animal humano. Essa dinâmica funcionaria mais ou menos da seguinte maneira:
O medo à morte do ego seria reduzido pela matança; por meio da morte do outro a pessoa compraria sua liberdade do castigo de morrer, de ser morta.
Que tesão uma explic-ação dessas! Pena que muitas das tortuosas for-mula-ções de Freud a propósito do instinto de morte possam, agora, ser decidid-a-mente relegadas à lata do lixo da história:
O bicho humano é um ser de amorosidade, apesar de suas inclin-ações potencialmente destrutivas, à solta, infernizando o planeta o azul.

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