quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Vate Catar!

Vate Catar!
Miguel Garcia

É inevitável! Sou um protestante nato, um ser de protest-ação – de ação e protesto. Recuso-me a aceitar a realidade na qual estou mergulhado porque “sou mais e maior do que tudo que me cerca”.

Desbordo todos os esquemas, nada me encaixa, não há sistema, ideologia, não há repressão eclesiástica por mais dog-má-tica, que consiga enquadrar-me. Sempre sobra alguma coisa. Não há mentoria alguma, sistema social, por mais fechado que seja, que não tenha brechas por onde eu possa entrar ou sair quando bem quiser, fazendo explodir a realidade de que sou livre, muito embora arraigado – finito - limitado, transcendo tudo.

Poetiso, ouço vozes, vejo coisas. Sou assim, um vidente apaixonado, alucinado, um ouvinte encantado, tal qual a Selma do filme Dançando no Escuro (Lars Von Trier).


Enquanto para a turba matizada não existe ou a-con-tece coisa alguma, para mim é diferente: “vejo”, ouço, crio ordem e, se ordem não houver, digo à balbúria haja e pronto, tudo se faz "bom", "belo", "sonoro", "espetaculoso" - um music-ALL “verdadeiro” a cada instante - um milagre transbordante.
É assim quando danço na escuridão, quando canto em meio às trevas de "tudo", de "todos", quando produzo o esplendor - “macho e fêmea, bicho e flor”, quando da lama invento o amor, quando “lanço em movimento terra e céu” - “estrelas percorrendo o firmamento em carrossel”, quando crio vales onde jorram leite e mel, profetizando a vida, anunciando aquilo para que o ser humano foi essencialmente criado, denunciando os esquemas que atentam contra o seu destino: o burlesco é pecado! Vate Catar!

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