Miguel Garcia
De alguma maneira complexa ele teve de lutar contra o poder dos pais da igreja em sua deslumbrante capacidade - poderes exatamente tão avassaladores quanto o pano de fundo da natureza de onde apareceram. Ele aprendeu a naturalizá-los (os clérigos - líderes), por meio de técnicas de acomodação e manipulação. Ao mesmo tempo, entretanto, teve de concentrar nesses chefes, todo o problema do terror e do poder, tornando-os (os líderes) o centro destes, a fim de reduzir e tornar natural o mundo e o pavor à solta no planeta. Eis a razão do objeto de transferência oferecer tantos problemas: nosso personagem de fato controlava, em parte, grande porção de sua sorte por meio do fascínio que nutria por seus líderes, mas esse mesmo objeto transferencial (clérigos), tornava-se sua sina. Ele estava preso a um pastor, bispo ou padre, na tentativa de poder exercer controle automático sobre o terror, para que essa personalidade central fosse mediadora dos prodígios e derrotasse a morte, graças ao vigor que exibiam. Aí, porém, experimentava o terror da transferência; terror de perder o objeto, de desagradá-lo, de não ser capaz de viver sem ele. O fato é que o terror de sua própria finitude e impotência ainda o acossava, agora, porém, sob a forma precisa do objeto transferêncial (líder da igreja). E assim seguia implacável e irônica sua saga pela existência. Pastores, bispos, padres e apóstolos se agigantam ante os olhos da pessoa por representarem tudo na vida e, em conseqüência, tudo na sina. Tornam-se o foco do problema da liberdade da pessoa por esta estar compulsivamente dependente deles; eles sintetizam todas as outras dependências e emoções naturais, daí os feitos tsunâmicos que operam, arrebatando as almas mar-av-ilhadas.
Ins-pirado em Freud, Oto Rank, Backer, Brown e outros bichos!
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