sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Caótico

Caótico
Miguel Garcia
A tez roçando a superfície do metal enferrujado - dois corpos se dissipam no tempo (dedos mortais tangendo cordas perecíveis).
A mente segue torturada. Som algum ou ruído ordenado içam a esperança submersa.
Tamanha desordem domina meus pensamentos.
Torrentes nefastas e cruéis lavariam de mim essa dor? Extasiar-me ante Deus e a humanidade bastaria? Mascarar fúteis ocupações ou mesmo obsessões doentias, confundir propositalmente essas últimas com proezas colossais, destinadas à redenção e prosperidade da humanidade, sucitaria fé em mim?
Ouço vozes, videncio, pressinto apetites vorazes e infernais se aproximando.
Hoje a sordidez irrompeu como plasma encandecente, devorando e expondo as entranhas da alma torturada - o idealismo desfez-se em chamas. Morte ao um romântico incurável!
Quando a mentira caracterológica já não socorre, segue-se desprotegido, sem a couraça que outrora vedava o nervo das percepções.
Sinto-me exposto à solidão, desamparo e angústia constante - nas garras do pavor, à deriva num mar de infortúnios - como que perdido de mim mesmo.
Sinto-me só e tremulo, à beira do esquecimento - órfão e sem coragem para renunciar ao pavor sem qualquer pavor - caótico.

Nenhum comentário: