domingo, 2 de novembro de 2008

Circu-lar

Circu-lar – carta a uma amiga
Miguel Garcia

Conte com a gratidão desse náufrago que tenho sido, desse descobri-dor do mar Mineiro, da ilha lavrense...
Faço questão de beber cada verso seu com a “sede dos marujos, lavando os olhos sujos de um mar, de embarcações”...Contemplo em meus olhos cansados uma ampulheta de sonhos e desejos quase vazia... eis que tudo se faz silente como na eternidade, já não me dou ao luxo de desperdiçar nenhuma gota de afeição, nenhum breve vapor de ternura e delicadeza. Tudo se me afigura urgente, vital e único, ao mesmo tempo em que ao contrário: tedioso, circu-lar e necessário... Ao que tudo indica, me despeço com brandura na silhueta da face negra e marcada, na leveza de gestos derradeiros... Que seja um adeus refletor de toda luz que incidiu sobre minha existência tumultuada, porém repleta de aventuras - doces e amargas aventuras (sou grato por ter nascido!)... emocionante navegar nos seus versos...

“...A vida então quer ser amável
Decerto faz muito sentido
Carrego dor suportável
Sou grato por ter nascido “... (Joyce e Fatima Guedes)

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