"Entre"
Miguel Garcia
“Esta sociedade é absolutamente normal”, louco sou eu.
“Não há incomodo ou mal-estar à solta”.
Apelar para soluções mágicas? “Não há quem empreenda tal projeto desnecessário”.
O show não pode parar. Abaixo a tristeza e a frustração. O imperativo é a felicidade - felicidade egocêntrica – tática de sobrevivência individualista e narcisista: o importante é ser feliz! Triste sou eu, “a maioria vai indo bem e agradece”!
A medicina (o médico), “não está apenas a serviço do funcionamento social do paciente” (“não está aí apenas para devolver seu funcionamento”), imagine! “Psiquiatras não operam como traficantes legalizados, em hipótese alguma”. Os lares estão abarrotados de antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos, estabilizadores de humor e tranqüilizantes, “por mero acaso”.
Cresce o conhecimento e o poder que a criatura humana (animal humano) possui sobre suas circunstancias, “na mesma medida em que assistimos a um aumento da percepção geral do sujeito sobre seu universo interior”. “O homem conhece o mundo em que vive e o mundo que é”. Demente sou eu, esperto é o outro.
Minha vida é tensa como uma corda esticada. O resto do mundo “flutua pelado em rios de água doce, suspira de felicidade.”
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