Toten
Miguel Garcia
Ele observava o grande número de alunos e professores transitando em seminários “evangélicos”, contudo, não se iludia de que as pessoas dessem real valor à instrução e à verdade. Ele sabia que muitos professores ensinavam para ganhar dinheiro e não se esforçavam pela sabedoria, mas pelo crédito que ganhavam dando a impressão de possuí-la e que muitos alunos não aprendiam pelo conhecimento e instrução, mas para poderem tagarelar e ganhar ares de importantes. Estudantes e estudiosos miravam a informação em detrimento da instrução.
Ele havia conhecido pessoas que se vangloriavam por terem informações sobre “tudo”; sobre os resumos e conjunto de “bons” livros, pessoas que só não levaram em conta o fato de que a informação é um mero meio para a instrução, tendo pouco ou nenhum valor por si mesma. Lamentava pelas pessoas de-formadas na capacidade de pensar, apesar das muitas leituras que fizeram e, que por falta de pensamentos próprios, careciam de um afluxo contínuo de pensamentos alheios. “Estomago e intestino do qual a comida saia sem ser digerida” - “eruditos” que estudam apenas para um dia poderem ensinar e escrever. Não eram capazes de alimentar com o leite formado do seu próprio sangue, jamais.
Ele era um diletante. Tocava de ouvido seus pensamentos. Era mais adivinho que sabedor de qualquer assunto. Exercia o que quer que fosse na arte ou ciências com a fragilidade do amor e o vigor da alegria. Sabia do desprezo esmagador que pairava sobre ele. Sua existência era constantemente negada por aqueles que se consagraram a essa ou aquela ciência ou saber apenas com vistas ao que poderiam lucrar. Sabia que o objeto dileto da turba matizada sempre seria o dinheiro a receber. Sabia que a massa possuía o mesmo espírito e, por conseguinte, a mesma apinião dos que o negavam. Sabia que o público só é respeitoso para com as “pessoas da área”, e profundamente desconfiado em relação a diletantes como ele. Compreendeu que seria de gente como ele e não de intelectualistas entrincheiramos (eruditos) que viriam as grandes e sensíveis idéias - saídas para a vida do homem comum. Sabia tanta coisa, ou melhor, imaginava, adivinhava, intu-ia tanta coisa que desmaiava em espírito constante-mente. Ele já emudecia, mesmo em palavras.
Deus pra quem quiser, senhor pra ninguém. Ninguém merece!
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