terça-feira, 10 de março de 2009

Não nos enganemos: fé cristã é engajamento perigoso e sem reservas!

O Cristianismo na Burguesia
Monseñor Nelson Magalhães da Costa Filho.


O Cristianismo, em particular, o latino-americano, dirige-se em direção de uma libertação, da pressão de uma religião manipulada pelo sistema burguês. E isto é evidente!

Tal efeito implica: conversão dos corações e o modo de vida da sociedade burguesa.
A religião na burguesia é empregada para consolidar e fortalecer ainda mais àqueles que, em privilégio, possuem bens neste mundo. Visa então, garantir o poder de uns e a miséria de outros. Por isso, é inconcebível a relação: religião cristã e religião burguesa, isto é, o cristianismo e burguesia.

Portanto, o futuro do Cristianismo, em especial, o da América Latina, está verdadeiramente em jogo: há o perigo de substituir o futuro messiânico pelo nosso próprio futuro, isto é, aquele do qual somos senhores há muito tempo.

A religião burguesa alucina a ação da religião cristã, que é a conversão dos corações, fazendo da fé, apenas, uma simples fé professada, e nada mais além disso.

Através do Evangelho e da colaboração da igreja, a conversão dos corações, que é uma conversão interior, movimenta-nos para mudanças concretas, sociais.

Seguimos a Cristo, ou simplesmente acreditamos no seguimento para Cristo?
Temos compaixão, ou apenas acreditamos na compaixão?

Amamos, ou dizemos simplesmente sobre o amor pelo semelhante?
Nisso observamos que, a teologia na burguesia não é artigo de fé, mas, sim, uma ideologia do conformismo e do egoísmo, sendo que sua escatologia, afinal, mostra-nos de que tudo acabará bem e ter-se-á solução.

O Cristianismo proclama: seguimento de Cristo, conversão, amor abnegado e prontidão a sofrer; a religião burguesa: autonomia, estabilidade, posse, sucesso, busca de interesses próprios e futuros. Há um grande abismo entre estes dois pólos!

Deveras, ao invés do Evangelho converter os corações dos burgueses, estes, ao contrário, transformaram e acomodaram, o Evangelho e a igreja de Cristo, numa “sua” religião; Igreja da Burguesia, para as suas necessidades de segurança.

A vida aburguesada, a estabilidade, a concorrência e a produtividade, dificulta o seguimento de Cristo, encobre o amor desinteressado. Lamentavelmente, existe, na realidade, um cristianismo de fé apenas professada, e, não, de ação. Que paradoxo!

A burguesia se serve da religião, somente quando precisa dela. Assim tem-se uma religião que não reconforta a ninguém. Deus é um objeto que entra em uso quando é acionado para fins de interesse.

Nós, cristãos conscientes, apelamos para uma conscientização da fé e da religião cristã.
Importa que os cristãos se modifiquem, e não se comportem como meros dirigidos.
É essencial!
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Nesse mundo de fetichismo e merchandissing - de manipulação de todas as coisas, a maior parte das instituições - massas de pessoas juntamente com seus gurus e mentores, são inevitavelmente compostas de "adoradores" e, portanto, de "religiosos". Não há diferença alguma entre seus objetivos e intenções.
O escândalo da cruz ainda não faz sentido algum para a grande maioria, posto que ela, a cruz, tornou-se símblo de triunfo da igreja. Um pobre como libertador dos pobres, um homem vulnerável e impotente como salvador de todos os que estão feridos, um débil como redentor dos débeis parece escandaloso e contraditório por demais para ser verdadeiro.
A gleba maior não consegue ou simplesmente não deseja aceitar a mensagem do crucificado dos crucificados. Contudo não nos enganemos: fé cristã é engajamento perigoso e sem reservas.(Miguel Garcia)

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