terça-feira, 14 de outubro de 2008

Sobre Teísmo aberto e transparência infinita

Sobre Teísmo aberto e transparência infinita
por Miguel Garcia
Até que ponto se pode "re-significar" uma crença sem que a mesma seja abolida num dado momento do processo exaustivo?

“O tipo de explicação que abole o objeto explicado pode até nos trazer algum resultado, ainda que a um preço demasiado alto. Mas não se pode fazer isso para sempre: cedo ou tarde chega-se a abolir a própria explicação. Não se pode ver o que está por trás das coisas para sempre. Todo o propósito que existe em ver o que está por trás de alguma coisa reside justamente nisso: em ver, através dessa coisa, um objeto real. É bom que a janela seja translúcida, justamente porque a rua ou o jardim além dela são opacos. E se também fosse possível ver através do jardim? Não há nenhuma utilidade em tentar "enxergar o que está por trás" dos primeiros princípios. Se você "enxergar o que está por trás" de todas as coisas sem exceção, então tudo se tornará transparente para você. Mas um mundo completamente transparente é um mundo invisível. "Ver o que está por trás" de todas as coisas é o mesmo que não ver nada.” C.S.Lewis – A abolição do Homem

O que tudo isso tem a ver com o Teísmo Aberto?
Ainda estou tentando enxergar!...

Um comentário:

Paulo Cruz (PC) disse...

Então...

“O tipo de explicação que abole o objeto explicado pode até nos trazer algum resultado, ainda que a um preço demasiado alto”. (C.S. Lewis)

Também me veio à mente a relação com o Teísmo Aberto. Um papo, de fato, um pouco enfadonho já (rs).

Mas aí, aqueles que chamamos de “Fundamentalistas” (não gosto desse termo!) fazem o mesmo.
É como pisar naqueles rios congelados, sabe? Onde nunca sabemos onde está frágil e pode rachar com a gente em cima.
O Teísmo Aberto é um exagero igual ao Fundamentalismo (não gosto do termo mesmo! rs).

Para mim, tem gente esquecendo que somos caídos (alguém arrisca dizer que não?), essa é a verdade.

É o velho problema – que Lewis trata no excerto tão bem escolhido por você – de querer “ver através de” (ou ver o que está por trás) e “ver a partir de”.
Quem vê “através de”, como os céticos tentam fazer com o cristianismo, não vê mais que uma imagem embaçada do real. Só quem vê “a partir de”, de dentro, que pode ver claramente.
O problema é que nós, os cristãos, fazemos isso com relação a Deus: tentamos ver “através de Deus”, ou o que está por trás do conceito de Deus. E como só Deus vê “a partir de Deus”, nos esculhambamos. Surge assim todo tipo de atrocidade em nome da perspectiva empregada.
Aí o que acontece: vemos Deus a partir do homem; que na verdade é a única maneira. Ou a quase-única, pois Ele também se revela. Por outro lado, Ele se revelando, não há racionalidade que comporte.
É um mato sem cachorro!
A coisa começa a complicar de tal forma que, quando digo que “Deus se fez homem”, creio que ele agiu e ainda age como homem (sentindo e pensando como homem) – que, com um certo simplismo, claro, é um dos pressuposto do Teísmo Aberto; e vendo-me em Deus (o meu caráter transferido ao caráter de Deus) chego ao absurdo de dizer coisas como: “Deus escolheu não saber o futuro” ou que “Ele se enfraqueceu (diminuiu) para fortalecer a relação de amor com as criaturas”.

Essa é a minha verborréia (pelo menos por ora, rs)!

Abraço,
PC