sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Eu sei o que vocês fizeram nos verões passados!

Eu sei o que vocês fizeram nos verões passados!
Miguel Garcia

Eu sei da necessidade de exercer controle total sobre as circunstâncias em toda variedade e multiplicidade de manifestações.
Sei dos constantes protestos (perversões) - de suas revoltas contra a realidade.
Sei que para superar o sentimento de vazio interior e impotência, você escolheu um objeto no qual projeta todas as suas qualidades propriamente humanas: seu amor, inteligência, coragem etc. Sei que submetendo-se a esse objeto, você se sente em contato com suas próprias 'qualidades', reais ou imaginárias; sente-se forte, corajoso e seguro. Sei que a perda de tal objeto significaria o perigo de perder-se de si mesmo.
Sei que o mecanismo que re-velo aqui - adoração idólatra a uma pessoa central (chefe, patrão, líder religioso, gurú psicológico), baseada no fato de sua alienação à mesma, constitui o dinamismo central de algum tipo de transferência vigorosa e intensa, eu sei.
Sei que esse fascínio (fetiche) por pessoas astútas e ou “poderosas” tornou-se basicamente uma questão de entregar-se ao poder de um outro “composto” de todas as qualidades "não" concretizadas em você mesmo. Sei que posturas como essa constituem fundamentalmente uma manobra ou tática, graças à qual, visa-se perpetuar um estilo de existência dependente - uma contínua tentativa para despir-se de poder e colocá-lo em mãos alheias. Sei não tratar-se de mera covardia incomum de parte alguma, mas antes um dos problemas básicos de uma vida organísmica - problemas de poder e controle - de força para opor-se à realidade e mantê-la ordenada de modo que uma expansão e realização pessoal encontre espaço na pessoa.
O que seria mais natural do que “escolher” alguém através de quem se possa estabelecer um diálogo in-terno e ex-terno? É como hipnóse - como a perda de controle observada nas vítimas de vampiros... Eu sei, eu sei o que vocês fizeram nos verões passados!

Vassum Crisso!

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