sábado, 14 de março de 2009

O Músico de Hoje

Comentário de Miguel Garcia sobre o artigo de Michel Leme: O Músico Hoje, acesse: http://blogs.myspace.com/index.cfm?fuseaction=blog.view&friendId=165807278&blogId=255347626

Olá Michel Leme,

Que prazer depositar aqui algumas consider-ações singelas e reverentes.
De antemão quero que saiba do meu apresso por seu esforço em pro-mover a observação compartilhada da experiência e percepção de idéias novas. Receba o meu aplauso por seu empenho na produção de diálogos que certa-mente ampliam a percepção cooperativa do real, o que nos leva a melhor compreender o mundo em que vivemos e a lidar com ele de maneira mais humana, sensata e plena.

Lendo seu importante artigo aqui presente, lembrei-me de um belíssimo poema de Antônio Cícero:

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela,
isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda um vôo de um pássaro
do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
para guardá-lo: para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
guarde o que quer que guarda um poema:
por isso o lance do poema:
por guardar-se o que se quer guardar


Obrigado por guar-dar, vigiar, velar e estar por nós em assuntos tão urgentes e desafiadores como os que você trouxe à tona.
Penso que sua trajetória de vida fale por si só, sendo assim, não carece de minhas considerações e comentários, apesar disso, insisto em afirmar e apoiar sua pulsão artística gritante e vibrante - este som que profetiza e anuncia a chegada do reino de Deus na subjetividade humana – reino de liberdade ao alcance de todos, para que não se en-caixem ou sejam en-quadrados em esquema algum, para que não temam construir a própria história de vida. Sua arte aparece como um convite para irmos além dos limites, ao salto, à transgressão da normal alienante, ao protesto responsável e consciente, quiálterando realidades, poliritimando pseudos saberes e pressupostos, atonalizando as estruturas com coragem e ousadia, para que no fim encontrarmos a nós mesmos - íntegros o mais que pudermos - Crísticos.

Por último e não menos importante, segundo o Gilberto Gil:

...Do luar não há mais nada a dizer
A não ser
Que a gente precisa ver o luar
Que a gente precisa ver para crer
Diz o dito popular
Uma vez que existe só para ser visto
Se a gente não vê, não há
Se a noite inventa a escuridão
A luz inventa o luar
O olho da vida inventa a visão
Doce clarão sobre o mar
Já que existe lua
Vai-se para rua ver
Crer e testemunhar
O luar
Do luar só interessa saber
Onde está
Que a gente precisa ver o luar

Digo o mesmo de sua pessoa não contida, de sua arte e inquiet-ações latentes e redentoras do ser total, a saber, do meu próprio e com certeza de multidões de outros.

Há-braços dispostos a somar!

Humildemente,

Miguel Garcia

Um comentário:

Michel Leme disse...

Miguel,

Parabéns pelo seu blog e pela sua expressão artística também em palavras.

Agradeço muitíssimo por você ter lido o texto. Tem mais coisas lá no blog. Sempre é um prazer recebê-lo.

Um grande abraço e seja cada vez mais iluminado.

Abração,
Michel