Sobre des-obedecer para cumpr-ir mand-ame-ntos
Miguel Garcia
...
"aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança,
jamais terá acesso a ele”. Marcos 10. 15
A criança faz muita confusão
entre as relações de causa e efeito, além de nutrir-se de um extremo irrealismo
quanto aos limites de sua própria força, o fundamentalismo religioso, idem.
A criança vive em um estado de
absoluta dependência e, quando sua necessidade é satisfeita, infla da sensação
de que dispõe de poderes mágicos - de verdadeira onipotência, o fundamentalismo religioso, também.
Se uma criança sente dor, fome ou
aflição, tudo que tem a fazer é chorar e será reconfortada e embalada por
sons delicados e amorosos. Ela se sente um mágico e um telepata que
precisa apenas murmurar e imaginar para que o mundo se transforme segundo seu
desejo, o funda-mentalista religioso ora "forte" e sacrifica em lugar de
deixar fluir a misericórdia.
Quando uma criança experimenta
frustrações inevitáveis e reais causadas pelos pais ou responsáveis, ela dirige
sentimentos de ódio e de destruição contra estes últimos, e não tem como saber
que os desejos maus não podem ser atendidos pela mesma mágica que, segundo o
que imagina, realiza seus bons desejos, daí este estado de confusão ser a maior
causa de culpa e desamparo entre os poderosos 'baixinhos'. O fundamentalista religioso vê-se enredado pela culpa e vergonha. Quando frustrado - o que é natural à uma criatura finita/imperfeita (animal/humana), busca consolar-se em rituais e cerimoniais birrentos - lançando exigências descabidas aos céus - ao Deus que supostamente reside refestelado numa quarta dimensão (fora do mundo). Não raras
vezes, é possível flagrar um "dono da verdade absoluta" unido aos seus iguais pelo ódio e inveja,
voltando sentimentos arrasadores contra si mesmo, ou dirigindo tais sentimentos odientos contra seus parceiros,
sobretudo, lancetando os que não partilham dos mesmos dogmas, tradicionalismos, cerimonialismos e superstições que dão liga e substância ao seu grupo.
A criança é fraca demais para
assumir responsabilidade por sentimentos destrutivos e não pode controlar a execução mágica de seus
desejos. Criança tem ego (eu interior) imaturo e, ao que muita coisa indica, o fundamentalista religioso,
idem.
Eis o que chamo de obediência às
avessas: deixar vago o lugar do adulto na dimensão da espiritualidade e da vida como um todo.
Por sorte nem toda criança vive
no mesmo mundo ou tem os mesmos problemas. Por sorte nem todo mundo infantil é
terrível a maior parte do tempo. Por sorte nem todos temem des-obedecer para
cumpr-ir mand-ame-ntos.
"Quando eu era criança, pensava como menino, sentia e falava como menino. Quando cheguei à idade adulta deixei para trás as atitudes próprias das crianças." I Cor 13:11
"Quando eu era criança, pensava como menino, sentia e falava como menino. Quando cheguei à idade adulta deixei para trás as atitudes próprias das crianças." I Cor 13:11
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