X Per-versos
Miguel Garcia
Senhoras e senhores,
A perversão tornou-se um ideal em nossos dias. Estamos nos
tornando perversos.
Perversão virou norma social, segundo Melman, não a perversão com sua conotação moral, de modo algum, mas a perversão
que está hoje no princípio das “relações” sociais, através da forma de se
servir do parceiro como um objeto que se descarta quando se avalia que é insuficiente.
Nossa sociedade coisifica seus membros, não apenas no quadro
das “relações” de trabalho, mas em todas as circunstancias.
Impulsionada pela perversão (desvio patológico do
comportamento considerado normal), a sociedade neo-liberal e, portanto predatória, encontra
os meios, usa fachadas honestas, regula o que ‘percebe’ como problema e, por fim, descarta aqueles (as) que, após a terem servido, se tornaram sem uso,
fontes de despesas sem contrapartida.
O valor de uma pessoa depende de ela ser fonte de
benefícios. Numa situação dessas, aquele que revelar-se “defeituoso”,
impondo-se como objeto desvalorizado, deverá ser atirado à caça.
Vassum Crisso