quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Vibr-ações amorosas

Vibr-ações amorosas
Miguel Garcia


Vibra sineta de metal, campainhas de um poema fomentando transe e o pai-de-santas-letras sorrindo extasiado profetizará: adjarin, ààjà!

Candidato a um amor que nascerá com o sol da manhã e sofrerá sua luz como a pele de um adufe.

Quem sabe iabás das alturas - divindades femininas flutuando ao redor, embaladas ao som de atabaques e agogôs, juntem-se à glória de um ser apaixonado, Oxalá!

Cor da noz-de-cola branca se fará esse dia!

Sem sacrifício ver-se-á curado da pura solidão, bebericando beijos medicinais, banhando-se em abraços feito cabaça envolta numa malha de fios de contas – agè, agogo percutindo gemidos em corpos colados....

Aiyé! Esquecerá a terra e o mundo, o tempo, a vida, a mentira da morte, povoará belos sonhos e nada mais. Negará ajogún – infortúnios, a dor intolerável e a sujeição.

Mordiscará a carne quente e oculta-la-á sob si, como acaçá em folha de bananeira.

O chefe da orquestra entoará um cântico distinto: arrebates, tambores, elementos da natureza viva, Rum, Rumpi e Lé, tudo... será o amor repercutindo em todas as direções.

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