domingo, 18 de março de 2012

Amar é... (Parte 2)

Amar é...  (Parte 2)
Miguel Garcia

“Mesmo sendo errados os amantes, seus amores serão bons”... Chico e Edú 

Amar é dar con-ti-nu-idade ao projeto em causa própria: agarramos a um parceiro (a) num esforço de contestar nossa animalidade. Sem cosmologia religiosa à qual se possa adaptar tal negação, o jeito é ‘ficar’: grudar na pessoa “amada”.

Amar é procurar o tu, uma vez que a visão de mundo da grande religião supervisio-nada por Deus, morreu.

Amar é depender do parceiro amoroso (a), como resultado da perda de ideologias espirituais, tal como se dá na dependência face aos pais ou a um guru-psicológico.  

Amar é precisar de alguém, de uma “ideologia individual de justificação” para substituir as declin-antes “ideologias coletivas”. Sexo é contorção e reviravolta: cega e diligente busca do sentido da vida. Se não tenho um Deus no céu, uma dimensão invisível que justifique a visível, então pego o que estiver mais perto e à mão e resolvo os meus problemas com isso.

Amar é buscar benefí-CIO-s, é lançar a depressão pelo fardo da vida aos pés de um parceiro (a) “divino” (a).

Amar é livrar-se da dolorosa consciência de si próprio, é exorcizar a sensação de ser um indivíduo separado, tentando obter certo sentido de quem se é, do que a vida é e assim por diante.

Amar é varrer o pavor numa rendição emocional ao parceiro (a), é esquecer-se no delírio do sexo, é mar-av-ilhar-se estimulado pela experiência.

Amar é ir além de estar vergado ao peso da culpa por ser bicho-humano.
Sexo é boa regressão, é ver banido o estorvo da animalidade que ameaça a vitória da pessoa sobre a decadência e a morte. Sexo é enlace entre o corpo e a consciência, indistintos durante o ato, não mais os encaramos como alheios a nós.

Amar é redenção corpor-All, é desvanecer feito esfera celeste, é englobar-se no corpo e consciência de outrem; fundir-se em unidade que dilui o desarticulado e o grotesco. Amar é quando “tudo” se faz natural , fun-CIO-nal, expresso como deve ser; aplacado e jus-ti-ficado.

Amar é ver lançada fora a "culpa", o que obriga a própria natureza a proclamar a inocência dos amantes.

Vassum Crisso

2 comentários:

Mário Celso S Almeida disse...

Excelente é o blog com os textos assim como são as suas canções...Já coloquei o link do seu blog no meu!
www.caminhandocomgraca.blogspot.com

Miguel Garcia disse...

Olá Mário! Grato pela bondade nas palavras e por visitar esse espaço de comunhão. Agradeço por divulgar as invenções aqui e parabéns por suas contribuições! Abraço fra-terno-sem-gravatas! Heheheh...