Sobre o Rubem Alves
Miguel Garcia
Ouvi dizer que Rubem Alves fez de si o contrário do que geralmente faz o erudito de uma área exclusiva; o contrário do que rotineir-a-mente faz um operário que, ao longo da vida, trata apenas de mover determinada alavanca, ou gancho, ou manivela em determinado instrumento ou máquina, de modo a conquistar um inacreditável virtuosismo na atividade.
Ouvi dizer que ele parece ter seguido no caminho contrário daquele trilhado por um especialista. Especialistas, na ilustração de Schopenhauer, podem ser comparados a um homem que mora em sua casa própria, mas nunca sai dela.
“Na casa, ele conhece tudo com exatidão, cada degrau, cada canto e cada viga, como, por exemplo, o Quasímodo de Victor Hugo conhece a Catedral de Notre-Dame, mas fora desse lugar tudo lhe é estranho e desconhecido.” Schopenhauer
Ouvi dizer que Rubem Alves é dono de uma verdadeira formação para a humanidade, o que exige universalidade e uma visão geral, que é Erudito no sentido mais elevado do termo, e não apenas um portador de conhecimento enciclopédico.
Ouvi dizer que quando ele se expressa, demonstra ser capaz de reunir as extremidades mais afastadas da vontade humana. Ouvi dizer que esse senhor revela ares de um espírito de primeira grandeza, que, para ele, a totalidade da existência é que se impõe como “problema”, e que é sobre essa totalidade que ele comunica às pessoas, “novas” soluções.
Ouvi dizer ainda, que Rubem Alves bem merece o título de gênio, pois assume como tema de suas realizações a soma de todas as coisas - aquilo que é grandioso, as coisas essenciais e gerais, furtando-se a dedicar esforços de sua vida a esclarecer qualquer relação específica de objetos entre si.
Ouvi muita coisa sobre o Rubem Alves, ouvi relatos eufóricos e emocionados de pessoas que mais pareciam Maria depois de flertar com o anjo da anunciação.
Vassum Crisso
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