Só o Messias salva!
(Sobre enlatados esdrúxulos)
Miguel Garcia
Observe os doutrinadores, como tendem à redução das questões que abordam. Agem movidos por pulsão natural, na pretensão ilusória de perceber/entender capturar - sorver mundos - multidões, não indivíduos.
Reduzem o real à capacidade de entendimento que possuem, ou seja, à forma como são estruturadas as mentes deles.
De acordo com Humberto Mariotti o reducionismo é como o ego: indispensável, mas questionável. Diante de um determinado fenômeno, os chefes da religião percebem e reduzem o que foi percebido à estrutura de compreensão própria de suas estruturas — ao quadrado onde vivem - ao conhecimento que possuem, portanto. Mas, como é óbvio, reduzir algo ao próprio conhecimento é o mesmo que reduzi-lo à própria ignorância. Daí a necessidade de um segundo passo — a reampliação —, que consiste em conferir o que foi percebido. E isso comparando o que foi percebido com compreensões pessoais prévias e, a seguir, cotejando-o com a compreensão dos outros, por meio do diálogo e outras formas de interação e convivência. Dessa maneira poderia ocorrer uma reampliação do que porventura houvesse sido reduzido.
O problema é que nem sempre é fácil voltar a ampliar depois da redução inicial. Tomando como exemplo os patrões da igreja: isso se dá, porque tendem a reduzir suas compreensões às dimensões do ego, que é frágil, medroso e teme a reampliação. Temem-na porque ela os põe à prova, isto é, leva-os a confrontar as suas percepções e “entendimentos” com os dos outros. Como estão socialmente preparados para serem competitivos, os egos dos doutrinadores – ideólogos da coisa religiosa, invariavelmente vêem os outros como adversários e, portanto, sente-se sempre ameaçados por estes. Por conta disso, pensam segundo modelos predeterminados e buscam apoio em referenciais que julgam inquestionáveis (pressupostos), tornando-se uma forma de remediarem a fraqueza que lhes é tão peculiar. É um modo de porem em prática o ponto de vista empirista, onde existe uma realidade externa que é a mesma para todos. Se essa tese fosse correta, a cognição seria um fenômeno passivo. Assim sendo, todos entenderiam o mundo da mesma maneira. Nessa ordem de idéias, quem não percebesse a "verdade" universal estaria com problemas e, portanto, precisaria de ajuda para alcançar o nível de percepção dos outros. Isto é: para perceber as coisas como "todo mundo" — o que equivaleria a entender a vida e pautar a conduta segundo as normas do senso comum. Entretanto, sabe-se que percepções padronizadas levam a comportamentos estandardizados. Esse é o principal problema da redução não seguida de reampliação.
A tendência do animal humano a eliminar é mais forte do que sua necessidade de integrar. A esmagadora maioria dos patrões da igreja e doutrinadores, exemplificando, não sabe ouvir. Quando alguém lhes diz alguma coisa, em vez de escutar até o fim logo começam a comparar o que está sendo dito com idéias e referenciais que já possuem. Esse processo mental que Humberto Mariotti chama de automatismo concordo-discordo — quando levado a extremos, é muito limitante. Ouvir até o fim, sem concordar nem discordar, tornou-se extremamente difícil para muitos sádicos evangeliz-a-dores. Não sabem ficar — mesmo de modo temporário, entre o conhecido e o desconhecido — "entre a dor e o nada, preferem a dor", o que traduz um apego a esse tipo de repetição o que atesta o adoecimento de tais personalidades centrais – objetos de transferência que a turba tanto gosta.
Faça você mesmo a prova: tente dizer algo a um dos chefes da igreja e irá constatar que ele ou ela não são capazes de escutar até o fim, sem concordar nem discordar, o que seu interlocutor está dizendo. Logo às primeiras frases os pedantes já estarão pensando no que irão responder. Veja como isso é difícil (comunicar-se com tais “beldades” pre-potentes) — e, então, constatará que o automatismo concordo-discordo é uma das manifestações mais poderosas do condicionamento de suas mentes pelo pensamento linear, isto é, pelo modelo mental ou/ou, — a lógica binária do sim/não. Observe a estrutura básica dos títulos que esses “iluminados” dão aos enlatados que costumam publicar - a algumas de suas “invenções” literárias, vulgo, livros evangélicos): “isso ou aquilo, sim/não, ou/ou, certo ou errado, pode-se ou não”, etc, ou seja, pensamento Binário – Automatismo Concordo/Discordo, Pensamento automático, Cartesianismo barato e empobrecido – “conversa pra boi dormir”. Oxalá funcione ao menos como vacina diária contra a loucura do hospício (para quem gosta (masoquistas) é um prato cheio), enfim:
Você está sendo roubado(a)! Esqueça os diplomas, ouse sofrer pensamentos, pense livre – subverta - desobedeça os doutrinadores. Compre livros relevantes, baratos e “não evangélicos” se for o caso, compre lá no sebo do Messias.. “Messias”... que conveni-ente um sebo batizado com um nome desses...
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