O que Deus uniu...???
Sobre o perfil das criaturas de Vênus
"... o amor da mulher se dirige em geral para objetos, não direi mais concretos, mas mais imediatos, mais materiais, se se quiser, do que o amor masculino. O ideal da mulher está muito mais «encarnado» que o do homem. A mulher "foi criada"(programação evolutiva) para se sacrificar pelos seres que a rodeiam e que conhece, e assegurar o futuro imediato da humanidade. O homem, pelo contrário, está votado a um dom mais universal; a sua missão é entregar-se ― desgastar-se muitas vezes ― por fins sem dúvida igualmente reais, mas muito menos próximos no tempo e no espaço. A mulher vela pelas subestruturas, o homem pelas superestruturas. E não creio que estas duas funções ganhem nada por estarem invertidas como o estão freqüentemente nos nossos dias (há que confessar, no entanto, que com algumas exceções). A consciência pública considera espontaneamente um fraco, e até como um covarde, um homem que, ao ter de optar por uma coisa ou por outra, sacrifica a sua missão na sociedade ao amor de uma mulher, ao passo que uma mulher que, em face de idêntico dilema, renunciasse a um ser amado para fazer política ou filosofia, seria, com razão, tida por ridícula. O heroísmo está polarizado de uma maneira muito diferente segundo os sexos... E o egoísmo também (refiro-me ao egoísmo normal, ao egoísmo bom): o da mulher consiste em abstrair das coisas longínquas e universais para melhor se dedicar às coisas próximas; o do homem em desprezar, em certa medida, as coisas imediatas com vistas a um dom mais elevado e mais longínquo. Esta divergência não se pode dar sem certos choques.
Um homem, por exemplo, fica um pouco desiludido quando, no meio de uma conversa em que ele expõe com entusiasmo à sua mulher as suas mais caras convicções, esta o interrompe para lhe dizer: «A propósito: E se eu fizesse um soufflé com queijo para o jantar?». Inversamente, as mulheres espantam-se muitas vezes da falta de delicadeza e de atenção dos homens em mil pequenas circunstâncias da vida quotidiana. Para não sofrer com estas coisas é preciso compreender o cônjuge e saber que se pode ser amado por ele tanto ou mais do que o amamos, mas não com o mesmo amor. Além disso, entre os esposos, a reciprocidade do amor dá sempre origem a uma certa identidade de amor. O afeto da mulher universaliza-se em contato com o ideal do seu marido; do mesmo modo, o amor do homem ganha em delicadeza concreta em contato com a ternura feminina. A vida em comum presta a cada um dos cônjuges o maior serviço que pode receber um ser limitado e unilateral; ser salvo de si mesmo...
Uma outra diferença essencial na estrutura do amor dos esposos. O afeto feminino é infinitamente menos dependente do intelecto que o do homem. Existe, na mulher, uma espécie de autonomia do coração. Um homem ama uma mulher pelas suas qualidades: (tem ou julga ter razões para amar) justifica o seu amor em face da sua consciência. Uma mulher, pelo contrário, amará um homem por si mesmo. Um homem dirá: Amo-te porque tu és bela, ou meiga, ou boa, etc. A mulher dirá simplesmente: Amo-te porque te amo! Para o homem, amar é preferir. Para a mulher, amar é não comparar. Percebe-se o matiz..." Gustave Thibon
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