quinta-feira, 28 de maio de 2009

Revel-ação import-ante: sou louco!

Revel-ação import-ante: sou louco!
Miguel Garcia

Sou louco, mas pelo amor de Deus: como poderia ser diferente disso?

“Os homens são tão necessariamente loucos que não ser louco seria uma outra forma de loucura.” Pascal.

Becker me fez perceber que a situação humana é impossível! É um dilema torturante disfarçar a animalidade que pulsa e irrompa em cada criatura, logo, sou louco, porque tudo o que o homem faz em seu mundo simbólico é tentar negar e superar sua sorte grotesca: no trono mais alto desse mundo um sujeito senta sobre um traseiro, enquanto aguarda o dia de sua morte. 
Sou louco porque me entrego a um esquecimento cego através de jogos sociais. Sou louco por me abandonar aos truques psicológicos e a preocupações pessoais totalmente distantes de minha realidade e condição (tipo ler/ver jornal ou Gabriela, aguardar pelo início do jogo da seleção, ler, ouvir ou assistir  as invenções de sádicos gurus psicológicos e ou "evangelizadores), o que com certeza é uma forma de loucura – loucura assumida – loucura compartilhada – loucura disfarçada e dignificada – loucura louca... loucura por vezes lucrativa - por vezes “sagrada”.
Sou louco! Isso que chamamos de traços de caráter, não passa de psicoses secretas. Vale re-dizer que tudo é vaidade (vazio), que tudo é feito por competição, que a inveja é o motor do social e do pensamento e, ainda, que ninguém consegue lidar com as verdades à respeito da condição animal-humana: vivemos imersos em auto-tapeações intra-psíquicas, o que, de certo modo equivale a um retorno à condição pur-a-mente instintiva.
Sou louco! Iluminado por Becker compreendi o que há por trás das máscaras de lábios cerrados, máscaras sorridentes, mascaras sérias, máscaras satisfeitas que as pessoas usam para iludir o mundo e a si mesmas acerca de suas psicoses secretas. Sou louco, mas quem não é?

Vassum Crisso

terça-feira, 26 de maio de 2009

"Homofobic"-a-mente falando:Miguel Garcia

Imagino que todo cara que “tece” comentários anônimos em blogs alheios manifeste tendência masoquista e ou seja porta-dor de homossexualidade, no mínimo psíquica. Explico: masoquista, pois, uma vez que a inveja é um tipo de admiração infeliz, sempre que um ani-mal-"humano" dessa espécie, suficientemente adestrado para realizar tal tarefa, viaja voluntari-a-mente pelo ciberespaço (internet) e, desembarca num Blog como o meu por exemplo, para suspirar admirado ante a paisagem de minhas idéias (bisbilhotando por lá), é certo que o faz para sofrer, posto que sua admiração não é nutrida por um abandono de si mesmo PENETRADO de felicidade... posto que o débil "eu" de uma figura destas, viaja até um Blog como esse meu para fazer uma reivindicação infeliz – in-ve-jar na cara dura.
Quanto à homossexualidade psíquica latej-ante de ad-mir-a-dores críticos-anônimos, poderíamos qualificá-la temporariamente de não orgânica, uma vez que essa última, parece obrigar à escolha de um parceiro portador de órgão e, as demais homossexualidades, por exemplo: a do tipo que impulsiona os fãs anônimos de minhas invenções literárias, fãs esses, que vivo "POSSUINDO" mesmo sem requisitar ou desejar, satifazem-se com um “parceiro” cuja virilidade seja psíquica e possa ser experimentada mesmo que à distância - voy-eu-risando singelos escritos como os meus.
Homofóbi-a-mente falando: melhor parar por aqui!

sábado, 23 de maio de 2009

Ex-tórias de “crianças” perigosas!
Miguel Garcia
Era uma vez um “pastor” tão cheio de si, que concentrava todos os esforços para gratificar seus desejos pueris e infantilismos desmedidos, na tentativa de aliviar, automaticamente, tensões e dores reais, insignes, imaginárias e sobre tudo seu inconsciente terror da morte - finitude.

Era uma vez, um “bispo” "inabalável" e manipulador, um campeão de seu universo fantasioso. Vivia mergulhado na sensação de ter poder irrestrito sobre seus seguidores, seguidores estes, que de tão dóceis, mais pareciam vacas hindus. Este dominador naturalmente idealizava a si mesmo como excelente, o que nutria sua altivez e arrogância despótica .

Era uma vez um “apóstolo” que mal precisava verbalizar o que quer que fosse, para que seus anseios mais luxuriantes fossem de pronto atendidos. Vivia deitado em berço esplêndido e, se porventura apontasse o dedo na direção das nuvens e do firmamento, logo recebia uma réplica da imensidão azul pintada no teto e nas paredes de seu quarto de divertimentos.

Era uma vez uma "pastora", que encarava aquilo que seu auto-engano-intra-psíquico resolveu chamar de ministério-pastoral, como campo fenomenológico de seu narcisismo primário, vício este, que se tornou altamente dispendioso para os cofres de sua sofrida empresa religiosa.

Era uma vez uma "bispa" irresponsavelmente triunfalista, que manipulava e subjugava uma gente "ignorante" - gente gananciosa e também cúmplice dos vergonhosos resultados de seu bispado. Em sua bem sucedida fábrica de ilusões, tida por igreja evangélica, flutuava como num sonho encantado.

Era uma vez uma “apóstola que enxergava o próprio corpo como um projeto narcisista e o utilizava na desesperada e inútil tentativa de engolir toda beleza do universo e manter-se jovem para sempre. Submetia-se a constantes cirurgias “reparadoras” de seu saco de estrume - alimento de vermes - irmão asno - seu corpo de animal envelhecido.

Era uma vez um pastor (a), um bispo (a) e um apostolo (a), que insistiram tanto em sorver o cosmo para dentro de si mesmos, desejosos que estavam por assenhorearem-se de tudo e de todos, que findaram castigados com a obesidade mórbida de seus eus, devoraram-se uns aos outros, a si mesmos e assim findou-se a "brincadeira" sem Graça de suas ex-tórias.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

De-mentes!

De-mentes!Miguel Garcia
Reverberando e transplantando um pouco das idéias de Ernest Becker para analisar o que imagino ser o quadro da espiritualidade atual, a “serenidade” da maioria dos líderes “evangélicos” e de seus segui-dores, está in-ti-ma-mente ligada a um estilo de vida que tem elementos de loucura real, e por isso protege: uma corrente submersa de ódio e amargura const-antes, expressa em inimizades tradicionais, o-pressões, dis-putas e brigas familiares, mentalidade tacanha, auto-reprovação, superstição, controle obsessivo do cotidiano por um autoritarismo rigoroso e muito mais, até o infinito das possibilidades mais soturnas – perversão de toda e qualquer piedade, nas avali-ação do L. Boff: demência generalizada! De repente dou de cara com esse perfil de pessoas, observoas esbanjando um poder de viver o momento e ignorar e esquecer... eis o animal humano soterrado em auto-engano-intrapsíquico - eis as criaturas "felizes".

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Não, bebo!

Não bebo por mero alegrar-me com a cachaça nem por zombar da fé - não, é só para esquecer de mim mesmo por um momento que desejo embriagar-me, só isso.
Omar Khayyam
No texto original aparece a palavra vinho no lugar de cachaça...

sábado, 2 de maio de 2009

Aos coxos que mendigam à porta, ou arrastam-se pelos templos e catedrais de ilusões perigosas

Olhem para mim!
Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho, isso dou de graça:
Em nome de Jesus, levantem e andem!
Não sejam paralíticos na e-labor-ação de ídéias novas - imagin-ação e capacidade de transgredir a norma opressora!
Olhem para mim!
O reino de Deus está dentro e não ao lado ou acima de vocês!
Olhem para mim!
Deus pra quem quiser, senhor pra ninguém!

Miguel Garcia.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

É muito angusti-ante-tudo

Encontro-me na idade consciente do homem, idade do verme no cerne... "Vejo tudo", "sei de tudo" e sofro com tudo, principal-mente comigo mesmo – com meus terrores...
A crise adâmica é total-mente minha e não há moita alguma que me possa ocultar quando a voz do Eu Maior insistir, chamar meu nome na viração de um dia ameaç-a-dor..
É mutio angusti-ante-tudo!
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Miguel Garcia

Morte física e morte psicológica

Uma hora antes de morrer ainda se está vivo - Sartre

A morte biológica é considerada quando todos os sentidos de uma pessoa para de funcionar (consequentemente os órgãos). Assim, uma série de funções param definitivamente: movimentos, nutrição, regulação, reatividade, etc., e sinais de decomposição começam a surgir. Explica-se a decomposição pela perda das funções defensivas do organismo contra os seres vivos “agressores” (sobretudo bactérias).
Uma expressão muito comum utilizada é que as pessoas em geral se veem como possuindo um corpo, a velha crença cartesiana da separação “mente” e corpo como se fossem dois seres distintos expressa-se em afirmações como “meu corpo”, “eu tenho um corpo”… Nesse sentido, o homem se relaciona com o corpo como se fosse algo distinto dele. O homem não é um corpo-objeto separado do que se chama de mente, espírito ou psíquico.
Já a morte psicológica é caracterizada quando alguém se vê reduzindo com suas possibilidades de existente, se negando a viver pois não vê “sentido(s)” para existir. Essa situação surge quando o indivíduo, por conflitos não resolvidos de qualquer espécie, pois o que vale é a vivência para a pessoa, vê-se isolado, restando a negação em grau intenso de ser-no-mundo .
Nesse sentido, não experienciam de uma identidade singular com todas suas possibilidades, não se sentem autônomos nem experimentam de uma coesão entre sua existência e a vida, aniquilando-se através da negação.
Não se envolvendo, negando sua responsabilidade em um vir-a-ser, aguardando a morte como única saída, é uma forma de dar uma “resolução” aos problemas. Sem a motivação existencial resta então a experiência do tédio . Certamente que de alguma maneira todos nós expimentamos o tédio ou o vazio existencial, porém não encontramos “saídas” ou “motivações” momentâneas, a diferença é quando esse sentimento persiste dia e noite, aí sim pode indicar um indivíduo que precisa de ajuda pois certamente está em uma situação de intenso sofrimento; sente-se isolado, sem sentido(s) e recorre à idéia de morte como resolução, podendo esta vir a se concretizar em morte física.
Assim, a morte psíquica pode ser entendida como uma inibição da vida, uma morte fenomenal que ocorre com a “psique” e não com o corpo (a separação aqui é meramente didática e por insuficiência linguística). Ainda, para o psicanalista Winnicott o medo da morte vem de uma morte que ocorreu (o conhecimento da morte dos outros seres), mas que ainda não foi experimentada.
Nunca faltou conteúdo à filosofia, às artes nem à religião em relação ao tema da morte, e certamente nunca deixará de faltar. Embora a idéia de que todos nós vamos morrer (”todo homem é mortal”) - independente de qual o sentido que cada um dá para o que virá depois -, seja algo aceito pelas pessoas, são poucos os que realmente param para pensar a morte em uma tentativa imaginante de como será estar morto ou um pensar a morte como condição presente, pensar que todos nós morreremos ou se deparar com a morte do outro é bem diferente de pensar a própria morte, a morte como condição “minha” onde terei que morrê-la “sozinho”, é algo que amedronta e assusta, embora pode ser sim a revelação de um sentimento de afirmar a vida com todas as suas possibidades, tal como ela é ou amor fati a vida tomando emprestado uma expressão de Nietzsche.
A morte enquanto reveladora de um grande sentido existencial, fazendo com que o indivíduo busque uma existência genuína e completa, é sobretudo uma concepção do existencialismo de modo geral, sendo Heidegger o seu expoente mais claro dessa idéia, para ele o homem em contato com a “morte” se angustia (angústia de morte) e daí pode se compreender na sua totalidade. Sartre se opõe radicalmente a essa concepção, para ele, de modo geral (a questão é muito mais complexa), a morte representa uma faticidade mas não uma estrutura ontológica do ser como ser-para-a-morte, a morte aqui não é reveladora de possibilidades mas sim a possibilidade da não-possibilidade, representa o fim, ou em termos sartreanos é quando o para-si torna se em em-si. Certamente que há outras formas de concepção da morte pela filosofia, outra forma bem característica é concebê-la enquanto algo aterrorizador que inibe as possibilidades de existir, o que implica em uma forma de evitar o medo da morte. Os sentidos possíveis à morte são múltiplos, mas ninguém poderá predizer o que é nem o que virá depois como uma verdade universal, senão enquanto “verdade” singular.
Por outro lado, é inegável que, enquanto algo inerente da condição humana, a morte infelizmente é, de maneira geral, escamoteada na sociedade, o que contribui para uma condição de maior angústia para aqueles que em algum momento gostariam de conversar a respeito do tema ou são “tomados” pelo medo da morte. Não se pode dizer que isso reflete uma condição natural de medo do homem frente à morte, pois nem sempre foi assim, os moribundos já morreram ao lado de seus amigos e familiares, hoje ele é isolado em um hospital, nem sempre por uma “maldade” dos familiares, mas porque temos uma crença de que a medicina e a tecnologia podem adiar cada vez mais o dia da morte. E foi no bojo da modernidade, com o avanço das ciências e concomitantemente da tecnologia que a morte foi eliminada da sociedade. Certamente que estamos falando também dos avanços do capitalismo que, sobretudo nos dias atuais, apresenta-se com padrões de consumo eufóricos na busca pelo “novo”; o consumo é sempre carregado de mensagens de “renovação” e “melhoria”, e é exatamente aí que parece residir o sentimento de imortalidade dos homens no pós-modernismo.
Sabe-se que o homem é mortal, mas é um “sabe” que tal como nos diz Camus, não é um “conhecimento”, pois um conhecimento real sobre essa condição, nas palavras do autor, traria uma revolução na vida de qualquer homem.
Morte e vida estão constantemente fazendo parte da “vida”, não se vive sem morrer, e não se morre sem viver. Ao nascer já se está pronto para morrer [e viver]. Cabe a cada um encontrar uma forma de conciliar as duas coisas como parte inseparável da própria condição, do contrário poderá mostrar em cada escolha o seu temor diante da morte que se revela no medo de viver.


Imagem: O dia da morte. William-Adolphe Bouguereau, 1859.