terça-feira, 30 de junho de 2009

Hino à negritude

Poder Femi-mínimo...
(Título meu M.G.)

(...) “a cerimônia central das religiões patriarcais é aquela em que os homens assumem o poder yoni da criação, dando a luz simbolicamente. Não é por acaso que líderes religiosos masculinos proclamam tão freqüentemente que os seres humanos nasceram em pecado — porque todos nascemos de criaturas femininas. Somente quando obedecemos às regras do patriarcado é que podemos renascer através do homem. Não é de espantar, portanto, que padres e pastores borrifem uma imitação dos fluidos do nascimento sobre nossas cabeças, nos dêem novos nomes e prometam que renasceremos para a vida eterna. Não é de espantar também que o clero masculino tente manter as mulheres longe dos altares e as mantenham longe do controle dos seus poderes de reprodução. De modo simbólico ou real, tudo tem como objetivo o controle do poder que reside no corpo feminino”. Gloria Steinem no prefácio do livro de Eve Ensler - Os Monólogos da Vagina. Vassum Crisso - Miguel Garcia

Excis-ão de sofrer Excisão.

Excis-ão de sofrer.. Excisão
(título meu M.G.).
Um texto da profetiza Eve Ensler
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Entre 80 e 100 milhões de meninas e mulheres jovens já sofreram mutilação genital. Em países onde ela ocorre — principalmente na África — todos os anos, cerca de 2 milhões de jovens podem esperar a faca — ou a navalha ou um pedaço de vidro — para cortar seus clitóris ou removê-los completamente.
Em outros casos, os grandes lábios são costurados com categute ou espinhos.
Freqüentemente essas operações são suavizadas e classificadas como "circuncisões". O especialista africano Nahid Toubia explicou as coisas francamente:
"Essa 'circuncisão' feminina num homem equivaleria à amputação da maior parte do pênis e, em outros casos, à 'remoção total do pênis, suas raízes de tecido macio e parte da pele escrotal'."
A curto prazo, o resultado incluí tétano, septicemia, hemorragias, cortes na uretra, na bexiga, nas paredes vaginais e no esfíncter. A longo prazo: infecção uterina crônica, cicatrizes que podem dificultar o andar durante toda a vida, formação de fístulas, terrível agonia durante o parto sempre perigoso, morte prematura.
— The New York Times, 12 de abril de 1996
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Extraído de Os Monólogos da Vagina - Eve Ensler

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Tocai-o Jackson

Tocai-o Jackson
Consagrado à Michael Jackson
por Miguel Garcia
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Descanse em paz, irmão! Descanse do medo de estar só; do temor à própria grandeza, da saga heróica, da armadura de metal pesada e fria, dos vislumbres em seus momentos mais perfeitos, descanse - de apreciar e emocionar-se ante as possibilidades quase divinas que, por certo, enxergavas nas horas culminantes, descanse do tremor, fraqueza, pasmo e receio ante as mesmíssimas possibilidades.
Não somos fortes o bastante para suportar... Descanse do pavor de concretrizar seus poderes totais, descanse da fuga à plena intensidade no viver... A felicidade delirante não pode ser suportada muito tempo. Nossos organismos são demasiadamente fracos para quaisquer doses exageradas de grandeza, descanse!
Descanse do pânico do mundo - da sensação e deslumbramento, descanse do sobressalto em face da criação, assombro, do milagre dela, do seu mistério e fascínio.
'Never Land', nunca mais. Descanse da ilusão - da verdade insuportável... Abrace o menino. 'Eu acredito em fadas'! Voe!... O mundo tal como é, 'criado do nada', as coisas como são, as coisas como não são, seria demais para podermos aguentar, descanse. Tudo seria demais para suportarmos sem desmaios - sem tremer como uma folha seca - parados num transe em reação aos movimentos, as cores e aos odores do mundo.

Mergulhe no oceano de luz... A-con-teça, meu igual, descanse dos aplausos efêmeros, dos ruídos, dos tons, dos gritos, das horas, do tempo, manhãs, da inveja que admira com infelicidade, descanse dos ensaios, rotinas, repetições infindáveis, descanse da coisa circular, de apelar aos instintos, de alimentar rebanhos ferozes e famintos, de enfrentar predadores, descanse da maquiagem, do ferrão da cor, descanse de empurrar o vento e apenas flutue... Descanse... da visão recalcada do miraculoso, descanse da grande dádiva da repressão. Respire o incompreensível, a beleza total, a majestade de tudo.. Descanse das honrarias e aclamações humanas – falatórios - subproduto e reflexo do terror da morte. Descanse do culto à “coragem” - sentimento de valia heróica, descance dos disfarces, do narcisismo orgânico, do sistema de ações simbólicas - estrutura de status e papéis - costumes e regras de comportamento, da revolta, divindade, castração, analidade, descanse da mentira vital. Descanse das percepções infantis de onipotência e do castigo a reboque. Descanse da vida “sadia”, mais ou menos imperturbada pela finitude, do medo da vida e da morte, descanse em paz, descance...
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Tocaio; Que ou aquele que tem o mesmo nome de outro (falando de pessoas), homónimo.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Imaginei...


Hummm... Eis que tudo era bom!
Doces record-ações!..  Imaginei felicidades coladas, Jabuticabeira enfeitiç-ante... Imaginei ir além – transpor a insipidez vazia, sorver felicidade num instante.. Imaginei tent-ação irresistível, o diálogo que calou a dúvida, aroma perfumado a-traindo.., água na boca, contemplação cobiçosa, aproxim-ação reverente, encontro furtivo, mais de água na boca, irromper de afetos, solidão de milagres. A magia estética da cena.. sons repercut-indo, testemunhas silenciosas e ocultas.. Dois mundos em um só. Imaginei você impiedosa... sentimento invadindo.. o gozo re-com-pensando a ousa-dia - a lou-cura redim-indo-a-dentro.. Imaginei a natureza cumprindo seu destino de um modo deveras poético, comov-ente, generoso e delicado, acolhendo nos “braços”. Imaginei cenas adoci-cada-s.. Eis que tudo era bom! Re-compondo-me: penso ter viajado contigo clan-destin-a-mente.. Que horas são???.. De qualquer maneira, foi bonito.. Sou grato. MG

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O caráter humano como uma mentira vital

Examine as pessoas ao seu redor e você...
As ouvirá falar em termos precisos a respeito de si mesmas e de seu meio, o que poderia parecer indicar terem elas idéias sobre o assunto. Mas, ponha-se a analisar tais idéias e verificará que nem de longe refletem de alguma maneira a realidade à qual aparentemente se referem, e se você se aprofundar descobrirá que nem há sequer uma tentativa de ajustar essas idéias à realidade. Bem pelo contrário: por meio desses conceitos o individuo está tentando cortar qualquer possibilidade de visão pessoal da realidade, de sua própria vida. Pois a vida é no começo um caos no qual a pessoa se acha perdida. O indivíduo desconfia disto, porém tem medo de ver-se face a face com tão terrível realidade e procura oculta-la com uma cortina de fantasia, onde tudo está claro. Não o preocupa se suas idéias são verdadeiras, pois ele as emprega como trincheiras para a defesa de sua existência, como espantalhos para afugentar a realidade. (José Ortega Y Gasset)

sábado, 20 de junho de 2009

O Dia Em Que Faremos Contato

Tiro o meu chapéu para dois "teólogos modernistas" de primeira água e brasilidade, Lenine e Bráulio Tavares e também para a musa das musas cantoras, Fátima Guedes por sua obra prima, o CD Grande Tempo. Eis a "tese teológica" modernista (letra da canção O dia Em Que Faremos Contato).
Miguel Garcia
O Dia Em Que Faremos Contato
Lenine E Braulio Tavares

A nave quando desceu, desceu no morro
Ficou da Meia-noite ao Meio-dia
Saiu, deixou uma gente
Tão igual e diferente
Falava e todo mundo entendia

Os Homens se perguntaram
Por que não desembarcaram
em São Paulo. Em Brasilia ou em Natal
Vieram pedir socorro
Pois quem mora la no morro
Vive Perto do espaço sideral

(Refrão)
Pois em toda via láctea
Não existe um só planeta
Igual a esse daqui
A galáxia ta em guerra
Paz só existe na terra
A paz começou aqui

Sete Artes e dez mandamentos
Só tem aqui
Cinco sentidos, terra, mar firmamento
Só tem aqui
Essa coisa de riso e de festa
Só tem aqui
Baticum, Ziriguidum, Dois Mil e Um!!
Só tem aqui

A Nave Estremeceu, subiu de novo
Deixou um rastro de luz, ao meio-dia
Entrou de volta nas trevas, foi buscar futuras léguas
Pra Conhecer o amor e a Alegria

A nave quando deceu, desceu no morro
Cheia de Et vestido de orixá
Vieram pedir socorro
E se deram vez ao morro
Todo o universo vai sambar...

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Modul-ações reflexivas e perversas
Miguel Garcia

Pura "transgressão" minha - sede de infinitude... Busca por um significado que está dividido irremediavelmente em dois reinos: símbolico (liberdade) - mente e Sina (limitação) - corpo... Disson-âncias são revoltas contra o tédio - anseio por plenitude. Modulação é caça desesperada por respostas metafísicas que, diga-se de passagem, o "uni-verso" musical não pode oferecer... Busco proteger-me do terror da morte, “antecipando” o caos de tudo - abraçando angústia ígnea, num esforço de garantir que cingida por mim ela perca um tanto de seu vigor destrutivo, estoicismo de minha parte?... Por fim, considero a fetichização da consciência total do verdadeiro problema da vida... Tudo parece estar em movimento acelerado - em existência dinâmica e não estática - evolu-indo a cada instante. Modul-acões const-antes são tentativas de evasão. Modular é vingar-se da aleatoriedade absoluta - incertezas demoníacas e infernais. É como pintar um quadro que de tão realista, por vezes cega o observ-a-dor. Vassum Crisso - MG

quarta-feira, 17 de junho de 2009

M-Eu Corpo

M-Eu Corpo
Miguel Garcia

Sina animal. jardim de delícias, po-mar secreto.
Nascente de experiências e sensações -
prazeres incandescidos que abrasam e fertilizam uni-versos simbólicos .
M-eu corpo...
M-eu túmulo e alimento de vermes,
irmão asno, m-eu tronco, campo m-eu, m-eu todo natural,
moment-âneo... extraordinário, raro, novo, náufrago, surpreendente,
m-eu corpo... m-eu fardo, m-eu tudo?
Fato, objeto, meu reino, fortaleza:
máquina fabulosa para coagir mundos, arma de pro-testar,
resposta... ab-surdez, portal, proteção, m-eu corpo.
Fetiche da consciência absoluta, fecal e inerte, vivo e atuante, sinuoso...
M-eu cor-po poderoso, iluminado, trans-parente manifest-ação, sinal, sintonia,
argila, eu, divino cri-a-dor - poiese insaciável...
M-eu corpo, m-eu? Corpo m-eu...
M-eu corpo.

terça-feira, 16 de junho de 2009

An-seio musical
Miguel Garcia

Con-soar... hArMOnizaR-me à Melodia en-Cantadora e Amiga..
Uníssonos para além do climax de uma com-posição sem pausas longas...
Bravo! Eis o grandioso espetáculo da vida.

domingo, 14 de junho de 2009

Lótus

Lótus
Miguel Garcia

Emerg-indo de águas turvas e lodosas...

Ger-min-ando de beleza n-esse mundo!

Nelumbo... Nelumbo... Nelumbo!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Rara Flor
Miguel Garcia

Meu pensamento voa ligeiro. Buscando te encontrar, paira sobre cidades, vigia os montes, sonda as colinas, cobre os vales e examina cerrados imensos a procura do seu aroma perfumado, do milagre que é você, seu colorido cromático, sua beleza única e delicada.
Meu pensamento corre contra o tempo, pois amar se faz urgente.
Salto as horas, os dias, as semanas, guiado pelo anseio de alcançar seu aspecto incomum, suas formas inebriantes.
Ao romper da manhã, ao por do sol, no verdor dos anos, à tardinha, meu desejo é encontrá-la num instante eterno... mas atrás de tempo, tempo vem e... foje... amar se faz urgente!
Rara flor que colhi no primeiro olhar - no espaço apreciável de tempo em que a pura luz benfazeja incidiu sobre os meus olhos ávidos por claridade redentora.
Rara flor que plantei do lado esquerdo do peito, na carne do coração.
Rara flor que reguei com minhas preces, num gesto de ternura.
Rara flor que exala aromas deleitosos e veste o aspecto mais aprazível das paisagens, colorindo os jardins dos meus sonhos, desejos e sentimentos latentes.
Rara Flor.. você.. Rara Flor que en-con-tr-ei.

terça-feira, 9 de junho de 2009

À imagem e semelhança do animal-humano
Miguel Garcia

Abusos do poder clerical são sentidos por toda parte. A concepção grega do Deus onipotente, somada ao “sujeitai a terra” e “ser imagem e semelhança divina”, fortaleceram a ambição de potência humanal em líderes religiosos cultos e ignorantes – leigos ou não, no sentido de liberá-los para um exercício de poder absoluto e despótico, justificando abusos por meio da religião.
A imagem de Deus imposta pela crendice que se diz cristã, sem exceção, tanto em igrejas comandadas por dementes de gravata e ou por teólogos modernistas entre outros, é aquela que exibe um Deus todo-poderoso e Senhor, expressando assim não os contornos do Deus propriamente dito, mas sim, do poder e domínio indispensáveis aos idéias expansionistas e gananciosos de bispos, pastores e apóstolos preda-dores de rebanhos humanos.
A igreja "evangélica" dá aula na triste arte de explorar pessoas, mascarando e negando a dignidade e os direitos humanos com mensagens mumificantes, travestindo perversões com “vestes de louvor”, maquiando a alienação cultural mantenedora do racismo e sexismo e a alienação do corpo causadora de obsessões e toda sorte de doenças mentais.
Um Deus solitário e apático - soberano recolhido em um céu inacessível a que tudo submete, só poderia gerar “pastores, bispos e apóstolos também solitários, apáticos e recolhidos em luxuosos condomínios, em carros importados-blindados, em escritórios herméticos a gente pobre e analfabeta, protegidos por guardas armados que escudam esses apaixonados por multidões e enojados de indivíduos - de gente e, consequentemente, enojados do verdadeiro Deus relacional e comunitário (a salvação e a cura seria amar - abrirem-se). Não me admira que alguns destes estejam tão enfermos de corpo e alma, que careçam de dogras dia-r-ia-mente.. Quanto des-perdí-cio! Vassum Crisso - MG