quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Sobre o perigo de eclipsar um patrão da igreja

Sobre o perigo de eclipsar um patrão da igreja
Miguel Garcia

A vida tem me ensinado muita coisa doce e amarga, o legado de Baltasar Gracián, idem. Minha experiência na lida com personalidades centrais da igreja provou que toda derrota provoca ódio e que “superar” um chefe eclesiástico pode ser tanto burrice quanto fatal. A questão é que ‘a supremacia é sempre detestada, em especial pelos superiores’. Quem quiser manter-se ‘res-pirando’ e conectado ao corpo das cortes eclesiais deve aprender a ocultar as vantagens comuns, assim como quem sabiamente disfarça a beleza extravagante com um toque de desalinho.
Gracián me ensinou que a muitos não incomoda ser superado em riqueza, caráter ou temperamento, mas ninguém, em especial um “soberano” líder do clero, gosta que lhe excedam em inteligência ('síndrome' de Saul?).  Trata-se afinal, do maior dos atributos e, qualquer crime contra esse atributo em especial, constituirá lésa-majestade, em outras palavras: ofenderá e ou ferirá de morte uma dessas ‘beldades’ sacerdo-tais. Os soberanos (as) da igreja fazem questão de monopolizar a erudição e tudo o que estiver ligado ao “melhor” das faculdades mentais. Os “príncipes do clero, até gostam de serem ajudados, mas não sobrepujados. Baltasar Gracián nos adverte que ao aconselhar um desses nobres-patrões-da- igreja, façamos isso como se os lembrasse de algo esquecido, não como se ascendêssemos a luz que eles são incapazes de ver. Segundo Gracián , os astros nos ensinam tal sutileza, uma vez que são filhos e brilhantes, contudo, porém, no entanto, jamais rivalizam com o sol.

Vassum Crisso

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Bem-afortunados


Bem-afortunados
Miguel Garcia

Bem-afortunados os gurus religiosos e ou psicológicos que, ‘exaltados’, sonham com a realidade mais do que a veem, que a enfeitam, como uma amante distante e apenas entrevista, com mil qualidades, mil palavras não pronunciadas, mil intenções não confessas que conspiram para a “sorte” e fortuna deles mesmos, mil silêncios que se explicarão de modo radiante e inaudito.
Bem-afortunados esses fabricantes de beleza imaginária, artesãos de bondade simulada, doutores do ideal que justifica iniquidades, demiurgos do bem-estar de si próprios, outra vez lhes digo: bem-afortunados! 

Vassum Crisso

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Cans-ativo

Cans-ativo
Miguel Garcia

No tocante a não ter onde reclinar a cabeça sinto-me por demais parecido com o Nazareno. A semelhança entre nós limita-se a essa desventura em comum, pois ao contrário de mim, Jesus jamais deixou-se enredar por religião que dominasse palavras mortas e se perdesse do espírito daquilo que é meramente simbólico. Era no silêncio e na meditação que Jesus reencontrava a palavra de Deus.  MG - Vassum Crisso

“Paz, Paz”... “Vida leve”... Humanidade plena e blá, blá, blá de intelectualistas entrincheirados‘! Tem ossada humana embaixo desse jardim de ideias’...

“Paz, Paz”... “Vida leve”... Humanidade plena e blá, blá, blá de intelectualistas entrincheirados‘! Tem ossada humana embaixo desse jardim de ideias’...


‘Eu estudo o holocausto há anos. No inicio, estava mais interessado nas vítimas: queria contar sua história e o que acontecera a elas.
Com o tempo, vi que não poderia contar a história das vítimas, sem contar a história dos assassinos e, fiquei fascinado, não pela falta de humanidade dos assassinos, mas pela humanidade deles.
Se todos os assassinos (as) fossem sádicos e demônios malignos, o mundo estaria mais protegido das implicações do holocausto, porque, não diria que homens e mulheres comuns, dadas as circunstâncias extraordinárias, podiam se tornar assassinos (as) sistemáticos.
Para entender que eles tinham ‘algo de Auchivtz’ - uma parte de si que era uma máquina de assassinar e um lado que podia flertar com as moças; trocar ideias com os colegas; se divertir e relaxar, isso representa um desafio humano para nós, porque significa que homens e mulheres comuns, são capazes de cometer os atos extraordinários, terríveis e cruéis – de fazer coisas horríveis.' Michael Berenbaum, Ph.D – American Jewish University


Nossas histórias ainda não foram contadas (a história dos que perderam), mas isso não quer dizer que jamais serão.
A clandestinidade virou norma de segurança ante o aparelho repressivo.
A história dos que 'venceram' está aí, muito mal contada, mas isso tem de mudar, é possível fazer com que mude.
Perdas, danos e ganhos serão içados do abismo de memórias aflitas e costurados no tecido de uma narrativa muitíssimo esclarecedora e con-tun-dente. Miguel Garcia – Vassum Crisso

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A olho nu

A olho nu
Miguel Garcia

Engravidei de a-fetos...
Enconchei...
Embuti ‘porta à dentro’...
Embrechei...
Encovei de um sentimento...
Na jarda, no passo,
no raio da terra,
no tempo de luz,
No are, jeira, na sede,
no trago e medida do seu olhar.

Vassum Crisso